Pesquisa da Uema investiga os fatores que influenciam a produção de amêndoas de babaçu


Por em 13 de agosto de 2024



“Dinâmica socioambiental da produção de Attalea speciosa no Maranhão como subsídio para o desenvolvimento sustentável”. Esse é o tema da pesquisa de Cristiele Assunção Matão, que teve a orientação do Prof. Dr. Fábio Afonso Figueiredo, fruto do Mestrado em Agricultura e Ambiente da Universidade Estadual do Maranhão. O estudo foi um dos premiados no VII Prêmio Emanoel Gomes de Moura de Teses e Dissertações da instituição.

A pesquisa surgiu como parte de um projeto maior envolvendo três pesquisadores. Cada um explorou diferentes aspectos da palmeira Attalea speciosa, conhecida popularmente como babaçu. Enquanto um pesquisador se dedicou à biogeografia da palmeira e outro à análise de imagens de satélite para estudar a incidência e realizar uma série histórica e temporal, Cristielle focou na dimensão social, investigando os fatores que influenciam a produção de amêndoas de babaçu e o impacto sobre as comunidades envolvidas.

“O principal objetivo foi avaliar os fatores que influenciaram e/ou determinaram as mudanças na produção de amêndoas de babaçu no Maranhão nos últimos 30 anos. Essa análise é crucial para compreender o desenvolvimento econômico, social e ambiental da região, possibilitando a formulação de estratégias e políticas públicas que beneficiem tanto a população local quanto o meio ambiente”, disse Cristiele.

O Maranhão é o maior produtor de babaçu do Brasil, uma cultura tradicionalmente explorada por mulheres extrativistas conhecidas como quebradeiras de coco-babaçu. Até a década de 1980, a extração de babaçu era uma das principais atividades econômicas do estado, especialmente após o declínio da produção têxtil. “No entanto, a introdução de leis que legitimaram a privatização e expropriação de terras públicas restringiu o acesso das quebradeiras de coco aos babaçuais, diminuindo a importância dessa atividade e gerando conflitos pelo acesso ao recurso. A introdução de atividades agrícolas, pastagens e desmatamento também contribuiu para a redução da produção de amêndoas de babaçu”, explicou ela.

A pesquisa de Cristiele utilizou dados do IBGE/SIDRA, MapBiomas e Lapig, aplicando técnicas de geoprocessamento no software QGIS 3.16.4 para a análise espacial da produção de amêndoas de babaçu no estado e realizando análises estatísticas no programa R (linguagem de programação estatística e gráfica). Para a confirmação de tais informações a pesquisadora entrou contato com as representantes das regionais onde existe atuação do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco-Babaçu (MIQCB), bem como técnicos e pessoas que extraem o coco-babaçu, com o objetivo de averiguar e estabelecer quais são as mudanças ocorridas nos locais de extração, e confirmar as informações (referentes aos dados de produção) contidas no mapa e nos mapas gerados na presente pesquisa.

Visita aos produtores do babaçu.

“O teste de correlação e a análise de componentes principais revelaram uma diminuição de 50% na produção de amêndoas nas mesorregiões leste, oeste e sul ao longo dos 30 anos estudados”.

Para ela, “além de atualizar dados cartográficos e reconstruir a evolução histórica do extrativismo de babaçu, a pesquisa contribui para a formulação de políticas públicas voltadas à preservação das áreas de babaçuais e ao fortalecimento dessa atividade como prática cultural e de subsistência”.

Cristiele destacou que trabalhar nessa pesquisa foi uma experiência enriquecedora. Ela adquiriu conhecimentos técnicos profundos sobre a produção de amêndoas de babaçu, identificou políticas públicas para promover e sustentar a produção, desenvolveu habilidades de análise crítica de dados e tendências ao longo de 30 anos, e aprimorou sua capacidade de comunicação científica.

“E além de tudo isso, tenho a falar sobre o meu desenvolvimento pessoal no que diz respeito a resiliência e persistência quanto a enfrentar os desafios ao longo da pesquisa e o trabalho em equipe que é fundamental. Costumo falar para os meus amigos que pesquisa é algo que não fazemos sozinhos e só obtive essa maturidade quando vi que o produto gerado no final de tudo não foi um mérito único e exclusivamente meu, mas de uma equipe que abraçou o desafio e que se ajudou ao longo do processo”, frisou ela.

O orientador, Prof. Fabio, também enfatizou a relevância do tema para a sociedade maranhense, tanto no aspecto econômico quanto social. “Nós trabalhamos com uma temática de extrema importância para a sociedade maranhense, o Babaçu. Importante no aspecto econômico, mas principalmente social. Na pesquisa nós tentamos verificar quais os fatores que influenciaram na produção de amêndoas de Babaçu. Foram feitos levantamentos e a produção de mapas para os últimos 30 anos, com recortes para os anos de 1999, 2009 e 2019. Como resultado podemos verificar os efeitos do avanço da agricultura, da pecuária, das queimadas e do desenvolvimento na redução da produção de amêndoas”, salientou o professor.

Prêmio Uema de Teses e Dissertações

Ao receber o Prêmio Uema de Teses e Dissertações, Cristiele expressou sua gratidão e realização, reconhecendo o valor do trabalho e a importância do tema investigado.

“Receber o Prêmio Uema de Teses e Dissertações é uma honra imensa e um reconhecimento significativo do presente trabalho. Sinto-me extremamente grata e realizada por ver o esforço e as longas horas de pesquisa sendo reconhecidas dessa forma. Este prêmio não é apenas uma conquista pessoal, mas também uma honra à importância do tema que meus orientadores e eu decidimos investigar e à contribuição que ele pode trazer para nossa sociedade. Além disso, ganhar este prêmio é uma validação do apoio e da colaboração que recebi de colegas, orientadores e comunidades envolvidas na pesquisa. É uma experiência profundamente gratificante e inspiradora, que marca um importante marco na minha carreira acadêmica e profissional”, enfatizou.

Para o Prof. Fábio, a premiação de Cristiele “é um reconhecimento importante para os discentes que se destacam, embora muitos alunos e professores dedicados não possam ser premiados, todos são lembrados pela sua dedicação e empenho”.

Por: Paula Lima



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