Pesquisadores da Uema estudam a paleofauna de gastrópodes fósseis no município de Duque Bacelar
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 9 de novembro de 2023
A professora e pesquisadora da Universidade Estadual do Maranhão – Uema, Eliane Pinheiro está realizando uma importante pesquisa científica que trará resultados acadêmicos significativos que vão contribuir para o conhecimento sobre a paleontologia do estado do Maranhão.
A pesquisa destaca a paleofauna de gastrópodes fósseis da região centro norte do estado, cujo plano de trabalho desenvolvido na iniciação científica versa sobre a análise morfológica e identificação taxonômica de gastrópodes fósseis provenientes do município de Duque Bacelar-MA, na Bacia do Parnaíba.
Além da professora Eliane, que é bióloga, faz parte dos trabalhos o bolsista da Fapema e graduando em Biologia, Luciano Franco Carvalhêdo. A pesquisadora declara que nos fósseis encontrados nas rochas da região é possível fazer uma leitura do tempo em que esses organismos viveram.
Segundo ela, Duque Bacelar é um município que tem potencial para estudos paleontológicos, onde pode ser encontrado outros tipos de fósseis do Cretáceo, indicando que a região precisa de mais estudos científicos. Conforme a pesquisadora aponta, a região apresenta interessante contexto geológico com fósseis do Cretáceo e do Permiano, isso ocorre, porque a região é cortada por falhas tectônicas.
“Em 2023, publicamos o primeiro registro de dinossauro para a região de Duque Bacelar. Trata-se de um dente de espinossaurídeo, um animal que viveu em nossa região há 100 milhões de anos. O dente e os fósseis de gastrópodes que estamos analisando foram coletados por moradores que estavam escavando poços em busca de água, porém em locais diferentes. Agora, sabemos que no município, além de fósseis vegetais do Permiano, período geológico, que terminou há 250 milhões de anos, temos também rochas com macrofósseis do Aptiano/Albiano”, afirma.
Eliane apurou que os espécimes de gastrópodes analisados foram identificados ao nível taxonômico de família, confirmando serem da Família Cassiopidae, que são gastrópodes extintos, que viveram somente no Cretáceo e são encontrados em rochas formadas em ambiente marinho. “Este grupo teve origem no chamado Mar de Tétis, quando os continentes estavam unidos formando a Pangeia. Os registros fósseis destes organismos em bacias sedimentares do Nordeste do Brasil, incluindo o Maranhão, permitem conhecer as mudanças que ocorreram na região quando houve a separação entre América do Sul e África”, esclarece a pesquisadora.
Ela relata, ainda, que “este grupo de gastrópodes só existiu no Cretáceo. Com isso, conseguimos afirmar que as rochas, onde eles estão inseridos são rochas estimadas em 100 milhões de anos, aproximadamente”, informa a professora.
Para o aluno Luciano Franco, participar desta pesquisa é como realizar um sonho de criança. “Na verdade, eu sempre tive curiosidade para aprender sobre rochas e fósseis, e, nesse estudo, estamos tentando descobrir um animal que já viveu no território maranhense há milhões de anos”, disse.
O estudante ressalta que este trabalho pode trazer referências muito interessantes para o local, tipo: como era o ambiente, o que eles comiam, se eram carnívoros ou herbívoros, se tinham um comportamento diferente dos caramujos de hoje em dia. “Para mim é uma realização satisfatória, pois quero descobrir o que essas espécies estavam fazendo aqui, o que elas querem dizer sobre a história local”, declara.
Ele explica que, quando os fragmentos foram encontrados, foi possível entender como a própria terra oferece elementos que, ao longo do tempo, vão sendo produzidos. “É bom descobrir tudo isso, principalmente porque em outros locais, esses Cassiopídeos já foram descobertos, como no caso dos estados do Ceará, Pernambuco e Sergipe”, conclui Luciano.
Os pesquisadores agradecem a colaboração dos moradores da região de Duque Bacelar, na pessoa do senhor Francisco Carlos Machado, representante da APA dos Morros Garapenses, por disponibilizar o material para os estudo.
Por Alcindo Barros
