I Workshop de Medidas Preventivas às Queimaduras e Incêndios é realizado no Campus Caxias
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 25 de setembro de 2023
Foi realizado, nos dias 21 e 22, no Auditório Leôncio Magno, Campus Caxias, o I Workshop de Medidas Preventivas às Queimaduras e Incêndios, organizado pelo LEDIP (Laboratório de Epidemiologia das Doenças Infecto Parasitárias), laboratório de pesquisa em saúde da Universidade Estadual do Maranhão. O evento teve a parceria do Núcleo de Educação Permanente do Corpo de Bombeiros Militares do Maranhão, Associação Maranhense de Apoio ao Sobrevivente de Queimaduras – AMASQ e alunos e professores do Ensino Médio.
O Maranhão hoje representa um dos estados que mais possui vítimas de queimaduras, muitas vezes não tendo chance de sobrevivência. A AMASQ é uma associação sem fins lucrativos que auxilia, através de doações e aconselhamentos, sobreviventes de queimaduras de todo o Maranhão. Os valores das inscrições para participar do Workshop foram revertidos em hidratantes e doados para auxiliar no tratamento pós queimaduras dos sobreviventes maranhenses.
A coordenadora do LEDIP, Profa. Dra. Joseneide Teixeira Câmara, falou; “Agradeço a presença de todos. Hoje veremos um tema fundamental sobre segurança e cuidados referentes ao fogo. Espero que aproveitem o que será apresentado e façam uso disso da melhor forma”, incentivou.
A presidente da AMASQ, Andrea Barbosa, se manifestou: “Essa parceria com a UEMA é extremamente importante. Nosso estado ocupa uma posição triste quando se trata de casos de queimaduras. Muitas pessoas precisam de ajuda para se tratar. Momentos assim são essenciais para colaborar com essa causa”, acredita.
O primeiro tema foi “Medidas de Combate a Incêndio”, exposto pelo Cabo Paulo Gaspar, do Corpo de Bombeiros Militares: “Se eu entendo como se forma o fogo, posso usar métodos para sua extinção. O fogo em si não pode ser entendido como violento apenas devido à proximidade. O calor é uma referência para que ele se propague. Em um incêndio, qualquer coisa que tenha potencial para queimar é chamado de combustível. O fogo é formado por ar, calor e combustível. Para acabar com o fogo podemos reduzir a capacidade de um desses três elementos”, explicou.
Segundo o palestrante, a ação de um bombeiro não é para combater o fogo, e sim prevenir o incêndio. O incêndio surge quando um quarto elemento aparece, que é a reação em cadeia, gerando a auto alimentação. Isso faz com que o fogo saia da regra dos três elementos e fique fora de controle.
Ele prosseguiu: “Para extinguir o fogo existem 3 métodos: resfriamento (jogando água estamos resfriando e retirando o componente calor); abafamento (retirada do componente oxigênio) e isolamento (separando o combustível, estamos isolando), como o caso de abrir uma trilha(aceiro) no mato, para que o fogo não passe”.
Ele citou a classificação de extintores: Classe A (para materiais sólidos, que queimam em superfície e em profundidade (madeira, papel , tecido); classe B (para líquidos inflamáveis, que queimam na superfície – álcool, gasolina, querosene); classe C (para equipamentos elétricos e eletrônicos energizados – TV, monitores, computadores) e classe D (materiais que requerem agentes extintores específicos – sódio, magnésio, pó de zinco).
À tarde o Cabo Gaspar realizou uma aula prática, com simulação de incêndio, no estacionamento do Campus.
No segundo dia, o tema “Cuidados ao Sobrevivente de Queimaduras no Pré e Intra Hospitalar” foi explanado pelo Prof. Me. Leônidas Reis Pinheiro, enfermeiro emergencista e colaborador do LEDIP: “Em um resgate de queimados sempre pensamos no pior e temos que fazer uma avaliação pré-hospitalar. A queimadura destrói a proteína, a estrutura de formação da pele. Causa sequelas físicas e emocionais. As vítimas, por exemplo, não chegam perto de um fogão. As que têm coberturas extensas se cobrem com roupas longas. A pessoa acha que é julgada por todos (estigma social), ficando com depressão, pois atinge a auto estima”, destacou.
De acordo com o professor, é muito grande o número de incidente domésticos e alguns dos pontos que corroboram para isso é o tipo de fogo utilizado e a falta de atenção. Nos grandes centros urbanos, esses incidentes ocorrem muito em favelas, devido a curto circuito. A cozinha é o local com maior incidência dessas ocorrências. Geralmente os homens são mais atingidos, os membros superiores são os mais afetados por líquidos superaquecidos e as pessoas são de baixa renda e escolaridade.
Quando se trata de um grande acidente, adota-se o prazo de 72 horas, pois é o tempo que o organismo depois de atingido, começa a responder à agressão.
“Uma queimadura é dividida por zonas de lesão: zona de coagulação, em que há perda de sensibilidade, pois as terminações nervosas são atingidas; zona de estase, onde ocorre lesão vascular e a circulação pode ser melhorada, facilitando o fluxo sanguíneo e a zona de hiperemia, quando aparecem bolhas e lesões mínimas. A fisiopatologia da queimadura também possui 3 fases: ressuscitação (48 a 72 horas, mantendo o balanço hídrico; reparação (reabilitação física e psicológica até a cicatrização e alta hospitalar) e reabilitação (cicatrização completa dos ferimentos, prevenção ou redução das limitações motoras e psicológicas)”, enumerou.
O paciente queimado corre alguns riscos: choque hipovolêmico (causado pelo baixo volume sanguíneo); perda de eletrólitos (minerais que têm como função o transporte de água para as células, assim como os impulsos elétricos do organismo) e quando uma bactéria ou fungo invade a corrente sanguínea.
A queimadura pode ser avaliada levando-se em conta: o que causou; profundidade; extensão; localização; idade da vítima; doenças pré existentes e lesões associadas.
“Na assistência à vítima de queimadura devemos: despir totalmente a pessoa, remover roupas, jóias, anéis, examinar se há lesões e manter a temperatura corporal; verificar a via aérea, respiração, circulação, incapacidade e exposição; interromper o processo da queimadura; não remover a roupa se ela estiver aderida ao corpo; promover o resfriamento da lesão”, finalizou.
Por: Emanuel Pereira