Pesquisadores da UEMA realizam estudos de Caracterização estrutural da vegetação natural de mangabeira no município de Morros-MA
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 24 de maio de 2023
Conservação, manejo da sociobiodiversidade e direitos dos agricultores e povos tradicionais
A mangabeira é uma espécie abundante na região Nordeste do Brasil e típica de ambientes de Savana (Cerrado) e Restinga. A espécie apresenta amplo potencial de uso e alto valor utilitário, tanto para o setor farmacológico (uso do látex, folhas, casca do caule e raiz) para fins bem específicos quanto para o setor alimentício, no consumo in natura da fruta na fabricação de sucos, doces, polpas, sorvetes dentre outros.
A pesquisa objetivou caracterizar a estrutura da vegetação com ocorrência natural de mangabeiras, a fim de subsidiar a elaboração de um plano de manejo que fundamente a conservação e aproveitamento adequado da espécie.
Conforme a professora Ariadne Enes Rocha, uma das pesquisadoras, na região nordeste, o acesso dos habitantes locais aos campos naturais de mangabeira se constitui em uma das práticas mais antigas no conjunto das estratégias de sobrevivência das populações tradicionais das áreas de restinga, desta forma, inúmeras famílias obtem renda e produtos da mangaba.
“A produção da mangaba em sua quase totalidade é proveniente do extrativismo de coleta, e, apesar de sua importância socioeconômica, os estudos sobre a fruteira são recentes e em número limitado”, esclarece. Ela declara, ainda, que, trata-se de uma espécie não domesticada, com riscos de extinção, e pouco se conhece sobre suas peculiaridades em seus ambientes de ocorrência natural, que sofrem acelerada devastação.
Para a pesquisadora, temas relacionados ao desenvolvimento, adaptação e disposição da espécie, ainda necessitam ser mais investigados, a fim de contribuir com a conservação, bem como manejo da sociobiodiversidade e direitos de comunidades tradicionais da realização do extrativismo sustentável da mangaba.
O projeto foi realizado no município de Morros, Maranhão, nordeste do Brasil, mesorregião Norte Maranhense, microrregião de Rosário, e Bacia Hidrográfica do Munim, pertencente ao território de Lençóis Maranhenses, no Assentamento (P.A.) Rio Pirangi.
Vale ressaltar, que, para escolha da área de estudo, o município de Morros, contou-se com a indicação dos agricultores-extrativistas da região e também da Associação Agroecológica Tijupá, atuante no município.
O professor e também pesquisador da UEMA, José Ribamar Gusmão e a doutora Larissa de Paula Viana da Silva, explicaram que os parâmetros fitossociológicos determinados para os estudos foram Densidade Total, Densidade, Frequência e Dominância (Absoluta e Relativa), Valor de Importância e Valor de Cobertura, Índice de Diversidade de Shannon (H’) e Índice de Similaridade de Sorensen (ISS), de acordo com Mueller-Dombois e Ellenberg (1974). O processamento dos dados foi realizado com utilização do programa FITOPAC.
“Foram amostrados 88 pontos distribuídos em quatro transectos, totalizando 704 indivíduos vivos, destes, 352 referentes ao estrato regenerante, representado por 22 espécies e 13 famílias, e 352 referentes ao estrato adulto, com 12 espécies e 8 famílias”, especifica o professor.
Para Gusmão, a pesquisa proporcionou o conhecimento inequívoco da estrutura da vegetação com ocorrência natural de mangaba. “Assim, os resultados obtidos são de suma importância para a comunidade extrativista da região, uma vez que possibilitam a conservação e elaboração de planos de recuperação de áreas degradadas, de uma espécie nativa que, apesar da importância socioeconômica, corre riscos de extinção”, alerta o pesquisador.
Atualmente a pesquisa sobre a mangaba está tendo continuidade com as pesquisadoras Francisca Helena Muniz, Ariadne Enes Rocha, o doutorando Fabio Pierre Fontenele Pacheco do Programa de Pós-graduação em Agroecologia da UEMA e Rodrigo Neves Silva, bolsista PIBIC FAPEMA/UEMA.
Por: Alcindo Barros
Fotos: Publicação/Projeto