Estudo do PPGBAS/UEMA identifica áreas de risco de acidentes ofídicos no Maranhão e aponta estratégias para melhoria na saúde pública
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 3 de março de 2023
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que acidentes causados por serpentes venenosas são considerados sérios problemas de saúde pública que acomete mais de 5 milhões de pessoas anualmente no mundo, provocando óbitos e um elevado número de vítimas que sobrevivem mas permanecem com sequelas funcionais. Além de ser considerada uma doença tropical negligenciada. O estado do Maranhão possui a segunda maior incidência de acidentes por serpentes venenosas na região nordeste e está em 4ª posição em nível nacional.
Diante dessa realidade, a aluna Sâmia Caroline Melo Araújo mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ambiente e Saúde do Campus Caxias da Universidade Estadual do Maranhão (PPGBAS/UEMA) desenvolveu a pesquisa intitulada “Use of geospatial analyses to address snakebite hotspots in mid-northern Brazil – A direction to health planning in shortfall biodiversity knowledge áreas”, em português, “Uso de análises geo-espaciais para abordar áreas de risco de acidentes ofídicos na região meio-norte do Brasil – Uma direção para o planejamento em saúde em áreas com lacuna no conhecimento sobre a biodiversidade”, sob a orientação da professora Dra. Thaís Guedes, pesquisadora Sênior do PPGBAS/UEMA.
A pesquisa (publicada no jornal científico Toxicon) contou com os seguintes objetivos: Produzir mapas de distribuição potencial das serpentes venenosas no Maranhão a partir de informações de distribuição das espécies, dados ambientais e climáticos que foram analisados com um algoritmo matemático que nos permite prever onde as espécies poderiam ocorrer e ainda não foram registradas no estado; utilizar números reais dos acidentes por serpentes venenosas que ocorreram ao longo de uma década no estado e analisá-los levando em consideração a densidade populacional de cada município maranhense; e identificar as regiões do estado mais vulneráveis a acidentes ofídicos a partir da produção de mapas de risco desse tipo de acidente.
De acordo com a professora Thaís Guedes, “percebemos o problema dos acidentes por serpentes venenosas de importância médica como um problema complexo que exige uma abordagem ecológica, social e de saúde integradas. Com isso, os mapas de risco de acidentes ofídicos de alta resolução constituem ferramenta sólida para os setores da política regional de saúde orientarem estrategicamente programas de prevenção e assistência às comunidades em áreas de maior risco, com o fortalecimento dos sistemas de saúde, capacitação profissional, disponibilidade de soros antiofídico e instalações e equipamentos adequados em caso de envenenamento grave (por exemplo, ventilação mecânica)”.
“O desenvolvimento dessa pesquisa demonstra que o PPGBAS/UEMA vem se consolidando como um programa formador de profissionais habilitados para o ensino e a pesquisa, comprometidos com uma visão interdisciplinar e com os processos de melhoria dos índices de desenvolvimento humano da região. Este estudo demonstra o comprometimento do PPGBAS e da UEMA com a pesquisa para a melhoria da qualidade de vida e saúde da população Maranhense”, enfatizou a professora Thaís Guedes
RESULTADOS
Os resultados apontam que os mapas de distribuição potencial apresentaram informações sobre a biodiversidade (de espécies de serpentes venenosas) em uma área pouco amostrada e geraram mapas de risco de alta resolução que destacaram populações humanas vulneráveis para acidentes com serpentes venenosas. Essas informações se enquadram em uma meta específica da estratégia da OMS para reduzir a mortalidade por acidentes ofídicos.
Além disso, foi identificada no Maranhão uma lacuna na disponibilidade de postos de saúde qualificados para atender vítimas de acidentes ofídicos (polos de soro) em áreas de alto risco (região oeste do estado). Portanto, para evitar a morte e incapacidade causada por picadas de serpentes, foi sugerido alocar mais unidades de saúde qualificadas em áreas de maior risco para acidentes ofídicos, com soros antiofídicos. E ainda, é de extrema importância à educação da comunidade para a prevenção de acidentes e a realização de primeiros socorros adequados.
Por: Karla Almeida