Núcleo de Acessibilidade realiza Simpósio sobre Educação Especial Inclusiva no Campus Caxias


Por em 24 de outubro de 2024



                                         

Na noite de segunda-feira, 21 de outubro, foi realizado no auditório Leôncio Magno, Campus Caxias da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) o Simpósio “Educação Especial Inclusiva: Construindo Pontes para a Inclusão Social”. O evento foi organizado por acadêmicos de Ciências Biológicas e Química Licenciatura e coordenado pelo Prof. Me. Lucas Lima Ribeiro. A Direção do Campus ofereceu as condições para a execução das atividades.

A professora Márcia Santos disse: “O Núcleo de Acessibilidade – NAU da Uema Caxias se sente lisonjeado. Estamos recebendo alunos com deficiência e temos profissionais para dar suporte a eles, para que possam aprimorar o conhecimento, precisamos que esses alunos nos procurem para receber apoio e suporte. Esse evento é de grande relevância, pois mostra que vocês, enquanto alunos e comunidade, se preocupam com essa proposição da inclusão, estabelecendo relações amistosas, independente da condição de cada um”, destacou.

                                           

Em seguida, o acadêmico Marcelo Silva dos Santos, do 7º período de Ciências Biológicas, falou sobre sua trajetória: “Não foi fácil chegar onde estou. Terminei o Ensino Médio em 2017, mas não consegui me inscrever no vestibular e esperei o ano seguinte, fiz em 2018 e não consegui por causa da pontuação. Tentei em 2019 e mais uma vez não deu certo. Fiquei decepcionado, mas não desisti. Pensei em fazer em 2020, mas veio a pandemia e esperei mais um ano. Em 2021 o seletivo foi feito em etapa única e consegui passar. Devido à pandemia o 1º período foi online, fiquei quase 4 anos sem frequentar uma sala de aula e estava nervoso, pois voltaria a fazer isso no Ensino Superior. No 2º período tive dificuldade, no 3º as coisas melhoraram e passei a ser voluntário em um laboratório, no 4º e 5º não senti dificuldades com as disciplinas”, narrou.

E prosseguiu, “no 6º período, tive dificuldade para raciocinar, sentindo-me impotente, pensei em desistir do curso quando recebi apoio do NAU, através do professor Lucas Lima e de outro psicólogo”, disse. Ele citou ainda que fica contente em notar que a Uema se preocupa com a saúde mental dos acadêmicos. “Apesar de ter problemas como TEA e TDAH, isso não me impediu de estudar e fazer outras coisas na minha vida. É chato ter limitações, mas todos têm seu ritmo de aprendizagem. Não quer dizer que sou incapaz, e sim que tenho que me esforçar um pouco mais. Todos temos ambições, medos e incertezas, e temos que lutar para ir adiante”, relatou.

                                                 

A professora, psicóloga e neuropsicopedagoga Flávia Alves fez uso da palavra: “As pessoas que precisam de suporte precisam de melhor acompanhamento. Antes não havia a disciplina Educação Especial Inclusiva e ficávamos perdidos por não ter capacitação para lidar com essas pessoas. Essa disciplina nada mais é do que você ser empático, olhar de modo cuidadoso. Que ponte é essa para a inclusão social? A Educação Especial é uma modalidade, uma forma de alcançar o sujeito. Se um aluno não consegue decifrar um texto sobre a Segunda Guerra, mostre para ele uma imagem sobre o fato, a Educação Inclusiva abraça todos”, ressaltou.

Para a profissional, não se deve olhar o aluno de modo preconceituoso, com capacitismo (discriminar alguém por causa de uma deficiência, duvidar de sua capacidade). Quanto mais o professor se envolve com o aluno, mais entende as habilidades dele. “Não se prendam às dificuldades, mas às habilidades dele, ele quer aprender, fluir”, orientou.

Em seguida Sara Caroline, pedagoga e Neuropsicopedagoga Clínica, destacou: “Temos numa mesma sala um misto de saberes, nossos apoiadores devem ter uma base para lidar com os alunos. Muitas vezes um agente de inclusão não sabe o que fazer, e nesses casos deve buscar mais, pesquisar. Alguns mediadores precisam ensinar Matemática, mas entendem de Humanas e é preciso fazer adaptações, pontes. Se o agente de inclusão não domina o assunto, o aluno fica confuso, desregulado. O 1º passo para uma boa mediação é conhecer o aluno”, acredita.

O professor e psicólogo Lucas Ribeiro mencionou: “O evento destacou a importância de discutirmos a temática da Educação Especial Inclusiva no contexto do ensino superior. Na Uema, Campus Caxias, esse tema é ainda mais relevante, pois formamos futuros professores que atuarão em salas de aula e precisam estar preparados para oferecer um ensino de qualidade, garantindo o acesso à educação para todos, incluindo aqueles que, muitas vezes, são marginalizados”, explicou.

                                                 

De acordo com ele, em algumas instituições ainda existe um processo de integração onde as crianças são inseridas no ambiente escolar, mas não há um planejamento adequado para uma inclusão efetiva. É essencial que os futuros educadores compreendam a diferença entre integração e inclusão, e saibam como promover um ambiente verdadeiramente inclusivo, onde as necessidades de todos os alunos são atendidas de maneira equitativa.

“Nosso Simpósio foi organizado por mim em parceria com os alunos Maria Luiza e Luiz Antônio, ambos extensionistas do projeto de extensão em Educação Especial Inclusiva e com o apoio da comissão do Núcleo de Acessibilidade da Uema. O objetivo foi destacar essa necessidade. Por meio de palestras e do depoimento do aluno Marcelo, que compartilhou sua experiência como estudante neurodivergente acompanhado pelo NAU, mostramos a importância de um suporte adequado para promover a inclusão verdadeira. Com isso seguimos o lema: “nada sobre nós, sem nós”, garantindo que as pessoas com deficiência e neurodivergentes participem ativamente das discussões e decisões que afetam suas vidas”, acrescentou o professor Lucas.

“Esse evento é um marco importante para a Uema e reforça nosso compromisso com a formação de professores preparados para lidar com a diversidade nas salas de aula, garantindo que todos os estudantes, independentemente de suas particularidades, tenham acesso pleno à educação”, concluiu.

Por: Emanuel Pereira/ Campus Caxias



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