Professor da Uema realiza pesquisa sobre as comemorações da Independência do Maranhão
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 9 de abril de 2025

Museu Histórico e Artístico, inaugurado em 1973 pelo presidente Médici, por ocasião das festas do Sesquicentenário do Maranhão
Um estudo realizado pelo pesquisador Marcelo Cheche, professor do curso de História da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), pode esclarecer sobre a data de 28 de julho de 1973, quando aconteceram as festas de comemoração da Independência do Maranhão, com a vinda do presidente Emílio Garrastazú Médici ao Estado.
O Brasil proclamou sua independência política em 1822, mais precisamente em 7 de setembro daquele ano, mas algumas províncias, como o Maranhão, por exemplo, resistiram ao movimento, e aderiu ao Império do Brasil apenas em 28 de julho de 1823.
Em 1972, a ditadura civil-militar organizou os festejos do Sesquicentenário da Independência. Em julho do ano seguinte, quando o Maranhão efetivamente comemoraria os 150 anos da independência da província, o presidente Garrastazú Médici veio a São Luís e foi recepcionado pelo governador Pedro Neiva de Santana, onde inaugurou o Museu Histórico e Artístico do Maranhão – Rua do Sol, e o Palácio Cristo Rei – da Ufma -, localizado na praça Gonçalves Dias (centro histórico de São Luís). Na ocasião, 28 de julho de 1973, o presidente militar participou das festas de comemoração da independência do Maranhão e recebeu o título de Cidadão Maranhense.
Para o professor Marcelo, a presença simbólica de Médici, encarnada no encontro cívico de 21 de abril de 1972, data do início das comemorações nacionais, ganhava agora concretude. Segundo ele, não por acaso, o 28 de julho em 1972 fora ignorado, em nome de um calendário nacional demarcado pelo 21 de abril (Tiradentes) e pelo 7 de setembro (Independência), conforme determinação da Comissão Executiva Central (CEC), criada pelo governo federal para organizar os festejos.
O professor ressalta, ainda, que as horas que o presidente Médici passou na cidade de São Luís, no dia 28 de julho de 1973, foram intensas. Hospedado no Palácio dos Leões, sede do governo estadual, além das inaugurações e da homenagem recebida, reuniu com lideranças do Partido ARENA, sob o comando de José Sarney, encerrou sua visita ao Maranhão, participando de um jantar oferecido pelo governador.
O estudo tomou como referência os três principais jornais em circulação na cidade de São Luís, nos anos de 1972 e 1973: O Imparcial, Jornal Pequeno e Jornal Do Dia, renomeado, posteriormente, O Estado do Maranhão, bem como documentos preservados pelo Fundo Sesquicentenário, do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.
Sobre o propósito do estudo, o pesquisador explica que é dedicado à forma como uma memória nacional foi acionada em diferentes tempos. Nesse caso, em meio a uma ditadura, que organizou uma grande festa para saudar a data, mas, principalmente, para produzir propaganda do regime ditatorial, ao estabelecer vínculos que articulavam um passado e um presente de glórias, apresentado como “milagre econômico”.

Busto de D. Pedro I doado para o Maranhão em 1972 e levado para o Museu em Julho de 1973
O professor relata que, explorar as convergências e dissonâncias das comemorações realizadas nos anos de 1972 e 1973, com especial atenção ao dia 28 de julho, é considerado um dos principais destaques do trabalho, que teve como referência, em um primeiro momento, as edições dos três principais jornais em circulação na cidade de São Luís: Jornal Pequeno, O Imparcial e Jornal Do Dia, entre fevereiro e agosto de 1972, tempo que abrange a criação da Comissão Estadual de Programação, Incentivo e Coordenação das Comemorações do Sesquicentenário da Independência do Brasil, nome dado à Comissão Executiva Estadual (CEE) no Maranhão e os dias subsequentes ao 28 de julho.
“Exploro, também, a correspondência trocada entre a CEE e a Comissão Executiva Central (CEC), que compreende o expediente de organização e alguns discursos recitados durante os festejos. Na sequência, recorro aos mesmos jornais para o período de janeiro a julho de 1973, momento de ocorrência do ‘segundo Sesquicentenário’ da Independência no Maranhão”, completa Marcelo.
O estudo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), teve início em 2024, terá sua conclusão prevista para o ano de 2026.
Por Alcindo Barros
Fotografias: do Museu e do pesquisador