Pesquisador da Uema apresenta resultado de estudo sobre a produção do couro no Maranhão
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 28 de abril de 2025
O professor do curso de Engenharia de Produção da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Moisés dos Santos Rocha, concluiu no ano passado um estudo muito significativo sobre o processamento do couro e a estrutura dos curtumes, com verificação in-loco em alguns municípios do estado, sob o título: Proposta de otimização das operações da cadeia produtiva do couro no Maranhão.
O trabalho, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), teve como objetivo otimizar as operações desse produto, utilizando metodologia que combinou pesquisa bibliográfica, levantamento de campo, modelagem de problemas e aplicação de ferramentas de pesquisa operacional implementadas computacionalmente.
Realizada entre junho de 2022 e julho de 2024, a pesquisa revelou desafios estruturais importantes na cadeia produtiva do couro, como: problemas relacionados à qualidade intrínseca do couro, dificuldades logísticas, redução da margem de contribuição dos produtores devido à desvalorização no mercado nacional, baixa competitividade em comparação a outros entes da federação que possuem tradição consolidada ou maior eficiência no setor.
O pesquisador explica que, durante o estudo, aplicou a Análise Envoltória de Dados (DEA), que permitiu identificar ineficiências e propor melhorias para aumentar a eficácia do Maranhão como unidade tomadora de decisão no setor coureiro. E alerta: “A produção do couro no Maranhão enfrenta desafios mais complexos e abrangentes do que os identificados neste estudo. Para aumentar a competitividade do setor, torna-se essencial realizar investimentos em pesquisa científica e tecnológica para fortalecer os elos da cadeia que operam essa atividade”.
Ainda, de acordo com o professor, boa parte da produção do couro no Maranhão vai para outros estados, por falta de uma logística mais sofisticada e tecnologia. Os artesãos, segundo ele, para utilizarem um material de qualidade, sentem-se obrigados a comprar couro de fora, porque não existe uma cadeia produtiva estruturada no estado. “O consumo aqui é incipiente, acaba sendo usado apenas na confecção de cintos, bolsas e celas, e quando pretende-se consumir um produto de qualidade, com valor agregado, esses produtores vão buscar fora do Maranhão”, declara Moisés.
Além disso, o pesquisador ressalta que até a exportação é muito pequena, ele alega que os produtores que trabalham nesse ramo reclamam que o valor do couro está mais barato que o sal utilizado para conservá-lo, e, isso, acaba sendo inviável na atividade de comercialização com sustentabilidade para a manutenção dos trabalhos.
O estudo identificou, no Guia Industrial do Maranhão, que existem 41 curtumes no estado do Maranhão, localizados em 17 cidades: Governador Edison Lobão, São Luís, Peritoró, Timon, Bacabal, Buriticupu, Estreito, Açailândia, Caxias, Coco Grande, Imperatriz, Joselândia, Pedreiras, Pinheiro, Santa Inês, São Luís Gonzaga do Maranhão e Trizidela do Vale.
Moisés apurou, também, que o Maranhão apresenta um total de 8.323.445 cabeças de gado, ocupando o décimo segundo lugar com relação ao rebanho bovino do Brasil. Entre os 217 municípios do Maranhão, os 10 que apresentam os maiores rebanhos são: Açailândia, Amarante do Maranhão, Santa Luzia, Grajaú, Bom Jardim, Arame, Sítio Novo, Buriticupu, Bom Jesus das Selvas e Zé Doca. Os municípios de Açailândia, Amarante do Maranhão, Santa Luzia e Grajaú concentram percentuais de cabeças de gado acima de 2% com relação ao rebanho total do Maranhão.
Por Alcindo Barros
Fotografia do pesquisador