Curso de Geografia do Campus Caxias promove mesa redonda sobre agropecuária


Por em 25 de abril de 2025



Na quinta-feira, dia 24, a Uema Campus Caxias, através do Curso de Geografia, promoveu, no Laboratório de Geocartografia do Campus, uma mesa redonda com o tema “Discussões e Conexões da Agropecuária em Caxias”. Estavam presentes acadêmicos do curso e convidados do setor público municipal. O objetivo foi discutir as relações socioeconômicas da agropecuária, tendo como foco os assentamentos rurais do município de Caxias, como base de sustentação familiar.

O mediador foi o Prof. Me. Manoel do Nascimento Barradas, que falou: “Estamos aqui com gestores ligados à pasta da agricultura em nossa região. Isso permite que percebamos como é difícil lidar com a gestão da terra. E possibilita estreitar a relação de um compromisso político e educativo da Universidade Estadual do Maranhão com o poder público municipal”, citou.

O Diretor do Curso de Geografia, Prof. Dr. Jorge Martins Filho, se manifestou: “Importante que a UEMA abra as portas para a comunidade e também para os órgãos públicos. Isso contribui para o desenvolvimento do município”, acredita.

O técnico Augusto César, da Secretaria Municipal de Atividades Produtivas e Inspeção Animal, representando a Secretária Luciana Andrea da Costa Soares, falou: “Atualmente vemos como o agronegócio tem sufocado a agricultura familiar. Trabalhei em alguns assentamentos e noto que o lavrador tem sobrevivido com a agricultura de subsistência. Em 1996 houve uma transição surgida com a criação de um crédito especial para os agricultores poderem plantar e irrigar. O impacto foi negativo, ocorrendo de cima para baixo. As pessoas compravam primeiro os produtos vindos de fora, do CEASA, e depois nossos agricultores vendiam os seus, a preço mais baixo”, narrou.

Ele prosseguiu: “Um dos grandes obstáculos é a assistência técnica feita de modo inadequado aos agricultores. Hoje há informatização na zona rural e a assistência deve durar 5, 6 anos, desde o preparo da área até a comercialização dos produtos”, complementou.

Outro convidado, Paulo Penha, se voltou para a falta de apoio por parte da classe política: “Temos que dar prioridade aos nossos agricultores, pois de 70% a 80% do que consumimos vem de fora. Vejo a vontade que eles têm de trabalhar sem depender de ninguém. Temos uma agropecuária que só depende dos políticos. Quem amarra a produção do pequeno produtor é o setor político”, destacou.

Em seguida se manifestou o professor Jeferson, da Secretaria Adjunta de Direitos Humanos, representando a Secretária Francyane Barradas: “Quando estive na Secretaria de Educação acompanhávamos os quilombolas no viés educacional e existe uma fragilidade que atrapalha a chegada das políticas públicas até eles. Precisamos ver que técnicos visitam essas comunidades e é necessário que elas reativem suas associações, se redescubram”, ressalta.

De acordo com o professor, são feitas tentativas, através de capacitações feitas nas escolas e associações, para que a pessoa retorne para sua região com esse conhecimento. É preciso notar como a política está sendo pensada para manter o agricultor na zona rural. A região de Caxias possui cerca de 900 povoados. “Usávamos a escola para potencializar o pequeno agricultor, mas poucos se sobressaíam. Muitos querem produzir, mas as terras são vendidas a preço muito baixo” informou.

A artesã e pedagoga Neta Pinheiro, do SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), também fez uso da palavra: “Lembro que, anteriormente, recebíamos sementes de um órgão chamado Cibrazem, que eram entregues nas escolas das comunidades, pois não existiam associações ainda. Acredito nas capacitações e temos que focar na história local, para que essa capacitação seja feita com o que a comunidade produz. Fizemos um trabalho de capacitação de 150 quebradeiras de côco babaçu. Estamos resgatando o poder da agricultura familiar e também a ancestralidade dessas pessoas”, enfatizou.

Tayane Duarte, instrutora e mobilizadora do SENAR/MA e colaboradora do Sindicato Rural de Caxias, disse: “Quando a pessoa produz e comercializa, ela faz parte do agronegócio. Quem investe quer retorno. Vejo o potencial da agricultura familiar. Existem as exceções, por isso não podemos generalizar o agronegócio. Sobre os programas criados, se existem 50 famílias em um povoado, por exemplo, apenas alguns são privilegiados por serem ligados a políticos. Existe uma assistência pública (em que

coletam a assinatura do agricultor) e não dão a atenção devida. No caso do SENAR, o técnico visita a comunidade, ficando por lá cerca de 4 meses, para entender a realidade local e saber o que é mais adequado. Cabe a ele mostrar alternativas aos agricultores – a maioria não tem acesso aos benefícios”, concluiu.

Por: Emanuel Pereira



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