Como você imagina o futuro da educação?
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 26 de fevereiro de 2025
Como você imagina o futuro da educação?
A constante evolução da sociedade é permeada por acontecimentos políticos, culturais, ambientais, sociais e econômicos. Os movimentos ocorridos nessas esferas impactam diretamente as decisões e olhares governamentais, privados e populacionais para diferentes campos.
Sem as barreiras das fronteiras físicas que separavam as cidades, os estados e os países, antes do desenvolvimento das atuais tecnologias da informação e comunicação, hoje o pensamento tornou-se coletivo e global e a inteligência social está sendo construída pela conversação estabelecida em rede digital.
Há novos paradigmas de espaço-tempo da informação, onde permeiam-se novas lógicas de interações e de estabelecimentos de normas que englobam e impactam pessoas em níveis mundiais e locais. Tais transformações permitem inclusive não só nos novos fluxos de informações, mas novos serviços impactados por estes novos fluxos, como se tem visto a partir do e-comércio.
Discutir tais mudanças, exige que se situe um dos principais vieses para alcançar e transformar populações e países em um mundo em mudança, que se dá por meio da educação. Assim, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco, 2022) desenvolveu o relatório “Reimaginar nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação”. O documento propõe uma nova visão para a educação no século XXI.
O Relatório da Comissão Internacional sobre os Futuros da Educação reconhece o poder da educação para realizar mudanças profundas. Enfrentamos um desafio duplo para cumprir a promessa não cumprida de assegurar o direito à educação de qualidade para cada criança, cada jovem e cada adulto, e realizar de forma plena o potencial transformador da educação como um caminho para futuros coletivos sustentáveis. Para fazer isso, é necessário um novo contrato social para a educação, que possa reparar as injustiças enquanto transforma o futuro (Unesco, 2022).
Elaborado durante dois anos e fundamentado em um processo de consulta global – que envolveu cerca de um milhão de pessoas – o documento aponta que a educação é fundamental para a construção de um futuro mais justo e sustentável para todos, tão logo, o relatório identifica quatro grandes desafios que a educação enfrenta no século XXI:
- Crise climática e ambiental: A educação deve preparar as pessoas para enfrentar os desafios da crise climática e ambiental.
- Desigualdade: A educação deve ajudar a reduzir as desigualdades sociais e econômicas.
- Diversidade: A educação deve promover a diversidade e a inclusão.
- Tecnologia: A educação deve preparar as pessoas para a era da tecnologia.
Assim, a Unesco questiona, por meio do relatório: “Ao olharmos para 2050, há três questões essenciais a serem feitas acerca da educação: o que devemos continuar a fazer? O que devemos abandonar? O que deve ser reinventado de maneira criativa?”
Para enfrentar os desafios atuais e futuros, o documento propõe um novo contrato social para a educação, baseado em quatro princípios, que sustentam os Direitos Humanos: inclusão e equidade, cooperação e solidariedade, responsabilidade coletiva e interconexão. Estes princípios são regidos por dois grandes pilares do novo contrato, que são:
– Assegurar o direito à educação de qualidade ao longo da vida. Tal princípio pode ser entendido a partir do destacado abaixo:
Conforme estabelecido no Artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), o direito à educação deve continuar a ser a base do novo contrato social para a educação e deve ainda ser ampliado para incluir o direito à educação de qualidade ao longo da vida. Ele também deve abranger o direito à informação, à cultura e à ciência, bem como o direito ao acesso e à contribuição de conhecimentos comuns, os acervos de conhecimento coletivo da humanidade que foram acumulados ao longo de gerações e que estão em contínua transformação (Unesco, 2022, p.06).
– Fortalecer a educação como um esforço público e um bem comum. Da mesma forma, este princípio pode ser entendido a partir do destacado abaixo:
Como um esforço social compartilhado, a educação constrói propósitos comuns e permite que indivíduos e comunidades floresçam juntos. Um novo contrato social para a educação deve garantir o financiamento público para o setor e incluir um compromisso de toda a sociedade para que todos participem das discussões públicas sobre educação. Essa ênfase na participação é o que fortalece a educação como um bem comum: uma forma de bem-estar compartilhado que é escolhida e alcançada em conjunto.
A educação é uma área central que deve incidir seus esforços em melhorar a qualidade educacional, com oportunidades. Assim, para atender aos desafios exige-se que haja uma reorganização nesse campo.
Assim, o relatório apresenta uma série de recomendações para a implementação do novo contrato social para a educação, em diferentes áreas:
Pedagogia:
– Baseada em cooperação, colaboração e solidariedade.
– Promove capacidades intelectuais, sociais e morais.
– Estimula o “desaprendizado” de vieses, preconceitos e polarizações.
– Avaliação focada no crescimento e aprendizagem significativos.
Currículo:
– Enfatiza a aprendizagem ecológica, intercultural e interdisciplinar.
– Desenvolve senso crítico e capacidade de aplicar o conhecimento.
– Aborda a relação da humanidade com o planeta de forma sustentável.
– Combate a desinformação através da alfabetização científica, digital e humanística.
Ensino:
– Promove a cidadania ativa e a participação democrática.
– Profissionaliza o ensino como esforço colaborativo.
– Valoriza a produção de conhecimento e a pesquisa pelos professores.
– Incentiva a autonomia e a liberdade dos professores
– Professores devem ser reconhecidos como produtores de conhecimento e fundamentais na transformação educacional e social.
Escolas:
– Espaços educacionais protegidos que promovem inclusão, equidade e bem-estar.
– Reimaginadas para promover a transformação social.
– Lugares que reúnem grupos diversos e expõem a novos desafios e possibilidades.
– Utilizam tecnologias digitais para apoiar o aprendizado, não para substituí-lo.
– Estruturam o futuro desejado, garantem os direitos humanos e são sustentáveis.
Aprendizagem ao Longo da Vida:
– Amplia oportunidades educacionais de qualidade em diferentes contextos.
– Conecta os locais de aprendizagem naturais, construídos e virtuais.
Universidades:
– Um chamado à pesquisa e à inovação
– Um chamado à solidariedade global e à cooperação internacional.
– As universidades e as outras instituições de ensino superior (IES) devem ser ativas em todos os aspectos da construção de um novo contrato social para a educação.
Governos:
– Fortalecem o financiamento e a regulamentação da educação.
– Ampliam o direito à educação para toda a vida, incluindo informação, cultura, ciência e conectividade.
Todos esses princípios e elementos precisam estar na agenda de quem decide políticas públicas e os currículos da educação básica e do ensino superior. Para isso, é necessátio que todos os envolvidos compreendam o papel destas mudanças e o que elas demandam. Nos currículos, principalmente, é preciso que estes sejam dinamizados de uma forma a contribuir com aprendizagens mais aprofundadas, baseadas em novas interações com o conhecimento e suas linguagens. Tais currículos precisam ter bases mais críticas, em novas epistemologias que englobe outras vozes, principalmente daqueles que contam nossas histórias.
Nossas instituições de ensino superior precisam ampliar suas ações, contribuir não só com a formação de pessoas para o mercado, mas contribuir com outras instituições, revendo papeis, assim como a ampliação desses.
Esses debates sobre renovação de ensino, ainda que incômodo para alguns especialistas, estão apenas no começo. E se há consensos e divergências, que venham os debates.
Por: Walline Alves e Sannya Rodrigues
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