Pesquisa da Uema mostra que o uso do GeoGebra em dispositivos móveis pode revolucionar o ensino da matemática


Por em 5 de setembro de 2024



A matemática, muitas vezes considerada um dos maiores desafios na educação básica, encontra novas possibilidades de ensino com o uso de tecnologias digitais. Este é o caso de Priscila Marques Lopes Abitibol, licenciada em Matemática pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e mestra em Matemática (PROFMAT) pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

Em 2023, Priscila concluiu sua pesquisa de mestrado intitulada “Translação e reflexão do gráfico da função quadrática utilizando o GeoGebra em dispositivos móveis”, sob a orientação da Profa. Dra. Sandra Imaculada Moreira Neto. Um estudo que se destacou não apenas pela inovação metodológica, mas também pelo impacto significativo no aprendizado dos alunos.

O objetivo da pesquisa foi utilizar o software GeoGebra desenvolvido para dispositivos móveis, para construir o gráfico das funções quadráticas. Além de relacionar a geração dos gráficos, pelo aplicativo e o conhecimento teórico trabalhado nas aulas; perceber que o comportamento investigativo de observar e manipular é importante para a aprendizagem e construção do conhecimento; e praticar e desenvolver a abstração gráfica de modo a conseguir prever características e comportamentos dos gráficos das funções quadráticas sem nem mesmo fazer o desenho (esboço).

A ideia de utilizar o software GeoGebra em dispositivos móveis surgiu diretamente da prática de sala de aula, onde Priscila atuava como professora de Matemática na primeira série do Ensino Médio. “A maioria dos alunos apresentava dificuldade em compreender o gráfico da função quadrática, principalmente quando seus parâmetros se alteravam, gerando reflexões e translações, quando o conteúdo foi ministrado de forma tradicional”, explicou a pesquisadora.

A pesquisa, realizada na escola pública estadual Centro de Ensino Professor Robson Campos Martins, em Paço do Lumiar – MA, envolveu uma turma de 46 alunos do primeiro ano do Ensino Médio. O estudo começou com aulas tradicionais sobre a função quadrática, seguidas de um questionário diagnóstico para entender o acesso dos alunos à internet e o uso de tecnologias em sala de aula. A partir daí, Priscila introduziu o GeoGebra, um software gratuito e acessível, que permite a construção e manipulação de gráficos matemáticos de maneira interativa.

Com o apoio do aplicativo, os alunos puderam visualizar as representações algébricas e geométricas das funções quadráticas de forma dinâmica. Foram desenvolvidas atividades em duplas, em um total de quatorze aulas, nas quais os estudantes exploraram as possibilidades do software. Ao final, um questionário avaliativo mediu o nível de compreensão dos alunos, revelando resultados positivos tanto no entendimento do conteúdo quanto na receptividade ao uso da tecnologia.

“Quanto aos resultados da pesquisa percebeu-se de maneira geral, baseado nos depoimentos dos alunos, que o GeoGebra potencializou o entendimento do estudo do gráfico da função quadrática, pois permitiu ao discente visualizar as representações algébrica e Geométrica. Desse modo, é muito relevante introduzir a tecnologia na sala de aula, pois ela torna o ensino da Matemática mais dinâmico e atraente, o que proporciona um processo ensino-aprendizagem muito mais prazeroso tanto para o aluno quanto para o professor”, ressaltou Priscila.

Para ela, foi animador ver o interesse, empenho e comprometimento dos alunos com o conteúdo estudado e com a realização das atividades propostas. Um dos momentos mais marcantes da pesquisa foi o depoimento de um aluno surdo, que relatou sentir-se incluído no processo de ensino-aprendizagem graças ao uso do GeoGebra. “Com o uso do software, ele se sentiu parte do processo, pois a ferramenta explorou sua competência mais desenvolvida, o visual espacial. Dessa forma, além de facilitador da aprendizagem, o GeoGebra se mostrou um instrumento de inclusão e democratização do ensino”, conta Priscila.

Para a orientadora da pesquisa, Profa. Sandra, a importância do estudo reside na sua capacidade de facilitar o ensino da matemática de forma inclusiva. “O grande diferencial da pesquisa foi a questão da inclusão. A premiação é a coroação desse comprometimento, dessa pesquisa, e de modo muito especial de nós, mulheres, dentro da matemática, uma área predominantemente masculina”, frisou.

Ainda para a orientadora, “o trabalho de Priscila demonstra como a tecnologia pode ser aliada no ensino, potencializando a aprendizagem e promovendo a inclusão em um ambiente educacional que, muitas vezes, carece de ferramentas para atender às diversas necessidades dos alunos. O sucesso de sua pesquisa não apenas reflete a eficácia do GeoGebra como recurso pedagógico, mas também aponta para a importância de inovar e adaptar métodos de ensino para alcançar todos os estudantes”.

Prêmio Uema de Teses e Dissertações

A pesquisa foi uma das premiadas no VII Prêmio Emanoel Gomes de Moura de Teses e Dissertações, reconhecimento que Priscila celebra como “um incentivo para continuar produzindo trabalhos de qualidade”.

A Profa. Sandra disse que a premiação é um reconhecimento do trabalho, dedicação e de todo o comprometimento, no caso dessa pesquisa com o ensino da matemática. “A premiação é a coroação desse comprometimento, dessa pesquisa e de modo muito especial de nós sermos mulheres dentro da matemática. Nós ainda somos muito poucas. Tem também todo um significado além de ser um prêmio dado para mulheres de uma área que é predominantemente masculina. Então tem esse teor também que nos deixou muito feliz”, finalizou.

Por: Paula Lima



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