Equipe de psicólogos do SOPP Itinerante da Uema realiza palestra e escutas no Campus Caxias


Por em 25 de setembro de 2024



             

Uma equipe composta por 3 psicólogos da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) esteve no Campus Caxias nos dias 23 e 24 de setembro. Eles fazem parte do SOPP Itinerante (Serviço de Orientação Psicológica e Psicopedagógica) e Divisão de Apoio Psicossocial. Os profissionais apresentaram no auditório Leôncio Magno uma palestra intitulada “Estratégias de promoção de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio”. A Direção do Campus ofereceu as condições para a realização das atividades. A Assessora da Direção, professora Maria de Fátima Alencar Rios, deu as boas – vindas aos visitantes e aos alunos.

O objetivo da SOPP é oferecer cuidados em saúde emocional e mental dentro da universidade. O trabalho é realizado por meio das necessidades de intervenções de acompanhamento psicológico, ações protetivas e interventivas à comunidade acadêmica de maneira personalizada e coletiva e promoção de ações sobre saúde mental.

         

O psicólogo Marcos Reinaldo solicitou aos presentes que fechassem os olhos e focassem no próprio corpo, respirando devagar, para que todos se percebessem. “Esse movimento serve para que olhemos para nós com mais frequência. Na dinâmica frenética diária, não nos desconectamos e começamos a nomear coisas para nos livrar dos problemas”, ele disse.

Em seguida a psicóloga Rosário Silveira falou: “A saúde mental é um contexto: como me relaciono; se durmo corretamente, como enfrentamos as emoções diárias (isso faz com que percebamos se estamos agindo de forma equilibrada ou não). Como as situações de crise afetam as pessoas? Vivemos em um mundo cada vez mais cheio de adversidades, com notícias que afetam o nosso emocional. Cada pessoa pode ser afetada de modo diferente. Algumas reagem levemente, outras não. O modo de reação mostra se há necessidade de intervenção ou não”, citou.

               

Ela também falou sobre ansiedade. Segundo ela, são tantas demandas que tudo fica acelerado e nós vamos nos comparando aos demais. É normal estar ansioso (ansiedade em nível saudável é útil e funcional), mas quando isso atrapalha, pode ser um transtorno. É uma emoção natural que serve de alerta para um perigo futuro (real ou imaginário). Foi percebido um aumento na quantidade de pessoas que praticam autolesão (o ferimento físico deixa a dor emocional em segundo plano e isso gera a repetição dessa autolesão. A pessoa associa a dor física ao alívio).

“No caso da depressão, é um adoecimento que causa incapacitação se não for tratado (a pessoa está sobrecarregada, vai ter um bebê, etc). Preciso saber como sou, como é o meu humor; ficar atento às mudanças de comportamento e desse humor. A pessoa perde a vontade de fazer coisas que gostava antes. Não é não querer, é não poder fazer. Algumas pessoas demoram muito para sair do processo de luto, por exemplo”, ela ressaltou.

Logo depois, a psicóloga Thayane Oliveira abordou o tema PCP (Primeiros Cuidados Psicológicos): “Na universidade eu preciso perceber as necessidades do meu mundo social, ter um comportamento voltado para boas práticas. Em algum momento eu preciso suspender meus preconceitos mas, a priori, não damos uma escuta de qualidade ao outro. O PCP não é ofertado apenas por profissionais”.

               

Nos casos em que pessoas pensam em tirar a própria vida ela citou que é preciso cuidado ao pontuar isso: “Não se usa mais o termo cometer, pois ele está relacionado a crime. Quem está nessa situação não se valoriza. Uma pessoa que se autolesiona não necessariamente quer perder a vida. Os sinais nem sempre são claros. Existem formas e estratégias para lidar com isso. No perceber o outro há os pilares fundamentais de segurança, dignidade e direitos. Toda mediação por preconceito desfavorece o processo de ajuda. O adoecimento acontece gradualmente”, enfatizou.

Alguns sinais de que alguém pode estar em risco de tirar a própria vida são: autodepreciação; afastamento de amigos; desânimo; descuido com a higiene pessoal; abuso de substâncias; irritabilidade; realização de rituais de despedida; falar que vai praticar o ato, entre outros. Muitas pessoas próximas se culpam por não perceberem esses sinais.

De acordo com a psicóloga, devemos evitar algumas frases ao tentar ajudar alguém que está em sofrimento mental: “Não adianta dar conselhos como ‘se eu fosse você’ e frases feitas como ‘ vai passar’ e deixa pra lá’, ‘tem gente em situação pior que a sua’. Existe um sofrimento e ele é sentido com intensidade. Isso deve ser visto com seriedade. Não se deve demonstrar pena, pois isso coloca a pessoa numa condição inferior à nossa.

                   

O psicólogo Marcos retomou a fala: “Temos que entender como as práticas a favor da saúde mental acontecem. Quando a pessoa pensa em não compartilhar algo com ninguém, como é carregar esse peso? Fiquemos atentos se nossa fala ou comportamento pode prejudicar a pessoa. O consumo excessivo de informações cria um aspecto ansiogênico (propenso à ansiedade). Sobre a autoestima, existem crenças e limitações que vamos assimilando. É um valor que damos a nós mesmos. Emoções, experiências pessoais, valores e opiniões sobre nossas condutas compõem a autoestima”, exemplificou.

Para ele, é preciso entender que as coisas nem sempre acontecem como queremos e temos que nos perguntar quais os ciclos que estão se repetindo. É importante reconhecer as partes ruins. Através dos conflitos tomamos conhecimento do lugar que ocupamos. Saúde mental não é apenas a ausência de doenças ou transtornos mentais. Quem possui uma mente saudável compreende que ninguém é perfeito, e todos possuem limites e potencialidades.

“Medir o outro pela minha regra não é possível. A pessoa circula em vários ambientes. A forma como agimos pode influir na autoestima do outro”, lembrou.

No dia seguinte, 24, durante a manhã e tarde, os profissionais realizaram escutas psicológicas com acadêmicos, professores e servidores em locais reservados do Campus.

Por: Emanuel Pereira/Campus Caxias



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