Pesquisa da Uema estuda a biotecnologia vegetal de fruteiras


Por em 30 de julho de 2024



Clusters nodulares (CNs) é uma via morfogenética bastante empregada na propagação in vitro e têm demonstrado sucesso na regeneração de brotos de Bromeliaceae (família do abacaxizeiro). Essa via tem sido responsiva em diversos tipos de explantes cultivados com os reguladores de crescimento auxinas e citocininas. Além desses reguladores de crescimento, outro grupo hormonal que pode exercer papel nos CNs, são as poliaminas, dentre essas a putrescina.

Pensando nisso, surgiu a pesquisa “Potencial da putrescina na indução de clusters nodulares de abacaxizeiro ‘Turiaçu’: Caracterização Anatômica”, de Vitória Karla de Oliveira Silva, sob a orientação do Prof. Dr. Fabrício de Oliveira Reis, fruto do Mestrado em Agroecologia da Universidade Estadual do Maranhão. A pesquisa foi uma das premiadas no VII Prêmio Emanoel Gomes de Moura de Teses e Dissertações da Uema.

“A ideia da pesquisa surgiu por meio de buscas na literatura, vimos que os clusters nodulares é uma via morfogenética que permite uma alta regeneração in vitro de plantas, mas especificamente em bromélias e decidimos testar diferentes reguladores de crescimento para induzir esta via aliado a isto. O trabalho faz parte das diferentes estratégias para garantir a eficiência na micropropagação do Turiaçu, pois são poucos estudos até o momento para a cultivar, que é nativa do estado do Maranhão, além disso, gerar conhecimento científico que servirá de base para estudos futuros”, explicou Vitória.

Dessa forma, a pesquisa teve o intuito de estudar combinações 6-benzilaminopurina (BAP) e putrescina (PUT) na indução e caracterização morfoanatômica de clusters nodulares em abacaxizeiro cv. ‘Turiaçu’.

“A pesquisa contribuirá para geração de conhecimento sobre esta nova via morfogenética em abacaxizeiro cv. ‘Turiaçu’ e tais descobertas permitirão elucidar o entendimento sobre a indução e regeneração nesta rota morfogenética (CNs) e beneficiará a produção eficiente de mudas de abacaxizeiro cv. ‘Turiaçu’”, destacou.

O experimento foi conduzido em laboratório, no qual brotações de abacaxizeiro ‘Turiaçu’ previamente estabelecidas in vitro foram utilizadas. A partir das brotações foram obtidos segmentos foliares entre a terceira e a sétima folha das plantas, sendo estes cortados transversalmente com aproximadamente 1 cm, considerando a base foliar. Quatro segmentos foliares foram inoculados em placa de Petri contendo 25 mL de meio MS, suplementados com 100 mg L-1 de mio-inositol, 30 g L-1 de sacarose, 4 µM ANA, duas concentrações de BAP (0 e 8 µM) e três concentrações de putrescina (PUT, 0, 100 e 1000 µM) foram adicionadas por filtroesterilização, a depender do tratamento. O meio foi solidificado com 2,0 g L-1 de Phytagel, o pH foi ajustado em 5,7 ± 0,1, e autoclavado a 121°C a uma pressão de 1,5 atm, por 15 minutos. Após isso, as placas foram transferidas sala de crescimento no escuro por sete dias com temperatura de 25 ± 2ºC, umidade relativa de 60% e posteriormente foram transferidas para condições luminosas.  Aos 45 dias as placas foram avaliadas.

Os resultados demonstram que segmentos de foliares induzidos em meio de cultura suplementado com 4 μM de ANA, 8 μM BAP e 100 μM de PUT resultaram em uma taxa de indução de 56%, com formação de microbrotos via CNs, maior comprimento e número de folhas/microbroto. Os estudos morfoanatômicos revelaram que em 8 μM BAP e 100 μM de PUT os CNs apresentaram tamanho volumoso, microbroto com folhas, e desenvolvimento de novas folhas ao longo da base do explante, e a formação de meristemóides com células pequenas dispostas em espiral.

“Os resultados indicam que auxinas e citocininas combinadas com putrescina exógena são eficientes para indução de CNs, e os estudos morfoanatômicos foram essenciais para caracterizar os eventos desta rota morfogenética pela combinação destes reguladores de crescimento, demonstrando que a aplicação de putrescina exógena é eficiente na regeneração por cluster nodulares”, frisou Vitória.

Para Vitória a pesquisa foi um desafio, uma vez que a via morfogenética estudada tem muitas peculiaridades. “Precisei mergulhar de fato na literatura para compreender a minha pesquisa. Vale ressaltar que nosso estudo serviu de base para outros que estão sendo desenvolvidos no momento, como a propagação em massa de plantas de abacaxi em outros sistemas de cultivo, e criopreservação de variedades de abacaxi. Aprendi sobre propagação in vitro, vias morfogenéticas, anatomia, e para além destas técnicas aprendi que a pesquisa se faz com muitas mãos, com o foco sempre em trazer resultados para a sociedade, pois este é o papel do pesquisador. Saí desta pesquisa como uma profissional melhor e mais capacitada”, realçou.

Segundo o Prof. Fabrício, que orientou a pesquisa, “as informações obtidas com esse estudo poderão auxiliar na elucidação e entendimento da indução e regeneração na rota morfogenética de CN e beneficiará a produção eficiente de mudas de abacaxizeiro ‘Turiaçu’”.

Prêmio Uema de Teses e Dissertações

A pesquisa foi uma das premiadas no VII Prêmio Emanoel Gomes de Moura de Teses e Dissertações da Uema e para Vitória “receber este prêmio renova nossas forças para continuar nossas pesquisas e reforça que o trabalho desenvolvido pelo Programa de Pós-graduação em Agroecologia e o grupo de pesquisa do Laboratório de Cultura de Tecidos – LCT tem dado frutos”.

O professor Fabrício destacou que “o prêmio vem fornecer estímulos e motivações para a construção de teses e dissertações cada vez mais interessantes e com alto nível acadêmico para os mestrandos e doutorandos da Uema, o que será sempre bem-vindo, especialmente a uma altura em que tem reduzido o interesse dos jovens em se qualificar e se tornarem cientistas em nosso país”.

Por: Paula Lima



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