Curso de Letras do Campus Caxias realiza seminário em alusão aos 160 anos de nascimento do escritor Coelho Netto
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 25 de junho de 2024
A Universidade Estadual do Maranhão (Uema) realizou na última quarta-feira (19), no Auditório Leôncio Magno do Campus Caxias, um seminário que homenageou o poeta caxiense Henrique Maximiano Coelho Neto, nascido em 1864. A organização ficou por conta do Núcleo de Pesquisas em Literatura Maranhense (Nuplim/Uema) e acadêmicos do 8º período de letras/Português e Literatura e a coordenação geral com a Profa. Solange Santana Guimarães Morais.
Pela manhã, a palestra “Coelho Netto: um humanista atemporal” foi ministrada pela Profa. Me. Helena Damasceno. Segundo ela: “Coelho Netto é um gigante da nossa literatura. É atemporal porque, mesmo silenciado, os elementos de sua obra são atuais. Foi eleito o príncipe dos prosadores brasileiros. É difícil encontrar suas obras, pois os direitos autorais foram retirados do Brasil. Teve 14 filhos, sendo que 7 morreram. Um deles, conhecido como “Preguinho”, fez o 1º gol em uma copa do mundo”, explicou.
Damasceno prosseguiu: “Eu o considero o melhor escritor da Língua Portuguesa. Era eclético, escrevendo em todos os gêneros textuais. Durante 40 anos, escrevia 10 horas por dia. Foram 120 livros, 8 mil artigos diversos, 3 mil discursos e conferências, prefaciou mais de 30 livros. Foi candidato do Brasil ao Prêmio Nobel de Literatura. Conhecido por sua capacidade criativa, sempre foi pobre, saindo da cidade de Caxias aos 6 anos”.
Em seguida fez-se uma mesa redonda intitulada “Caliban em Shakespeare, Césarie e Coelho Netto”, apresentada por Henrique Machado (bolsista CNPq), Arielly dos Santos e Estefany Silva Albuquerque (bolsista FAPEMA), alunos do 3º período de Letras Português/Inglês, mediada pelo professor. Me. Francinaldo Morais.
“Caliban é um personagem da peça “A Tempestade”, de Shakespeare. Ele é uma mistura de homem com peixe, um autóctone, filho de uma bruxa, que habita uma ilha. Também existe Próspero, personagem que domina Caliban e um espírito chamado Arial”, disse Estefany Silva, que também integra o Nuplim, uma das participantes da mesa. “Caliban aprende a língua de Próspero e o amaldiçoa, num gesto de ingratidão”, completa.
Segundo Ariele dos Santos, outra participante do Nuplim: “O escritor Césaire fala sobre escravatura e criou o termo negritude. Ele mostra como Caliban se sentiu durante a usurpação de Próspero e o ridiculariza. Caliban ensina a Próspero coisas sobre a ilha e Próspero permanece nessa ilha, dando continuidade a uma espécie de civilização”, destacou.
No período da tarde, houve uma palestra que tratou do livro “Turbilhão”, escrito por Coelho Netto em 1906 e apresentada pelo professor. Me. Daniel Lopes. O destaque foi a personagem Violante. “Um período em que o Rio de Janeiro começa a mudar, devido à Belle Epoque carioca. Havia a perspectiva estética do Art Noveau. Era um projeto político burguês. O eixo central da narrativa é a transgressão social”, ele ressalta.
“Quanto à Violante, ela parece ingênua, mas passa o dia enviando bilhetes para homens, o que desagrada seu irmão Paulo. Ela desmistifica o ideal da mulher burguesa, se revolta contra os valores da burguesia”, acrescenta.
A professora Me. Yasmine Cardoso também fez uso da palavra: “Muitos acham a leitura da obra de Coelho Netto maçante. Ele fala sobre espaço urbano, evidencia personagens femininos e marginalizados. Alguns consideram seus escritos superficiais porque ele não tinha uma profissão fixa. Sua produção era mecânica e ele precisava vender. Ele foi muito lido antes da Semana de Arte Moderna de 1922. Os integrantes desse movimento o consideraram como maldito”, informou.
Coelho Netto também abordou a Proclamação da República, ocorrida em 15 de novembro de 1889. Baseado na experiência pessoal, ele usa o personagem Tadeu, da obra “Miragem”, de 1895, como perspectiva testemunhal da proclamação. A população não sabia porque o Brasil estava se tornando uma república. Fica forte a imagem de um povo desinformado. O escritor captava as modificações do Rio de Janeiro. No 1º livro, “A Capital Federal”, ele coloca um pouco do escritor francês Balzac. Em todo romance urbano ele cria a figura do herói.
No encerramento, foram apresentadas diversas comunicações por alunos/as da graduação do 5º e 8º períodos de Letras: “O Mulato”; conto “O Duplo”; “Miragem”; A Capital Federal”; “Inverno em Flor”(sobre relações familiares); “Rei Negro”; “Príncipe Leproso”; “O ideal de Ferrônio”, um conto; ”A Esfinge”; o conto “Vingança”, da literatura gótica; e “Fogo Fátuo”.
Por: Emanuel Pereira/Uema Campus Caxias
Fotos: Uema Campus Caxias