Pesquisadores falam sobre insetos aquáticos da Amazônia no Projeto ”Cuscuz com Ciência”, no Campus Caxias


Por em 1 de agosto de 2023



                     

Na última quarta-feira, 26, no Auditório Leôncio Magno, Campus Caxias, ocorreu a palestra intitulada “Conhecimento da diversidade de algumas ordens de insetos aquáticos na Amazônia e perspectivas de estudos integrados”, proferida pela Dra. Anne Moreira Costa e o Prof. Dr. Fábio Batagini Quinteiro, da UFPA (Universidade Federal do Pará) campus Bragança. O evento fez parte do Projeto “Cuscuz com Ciência”, do PPGBAS (Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ambiente e Saúde), do Campus.

Segundo a Dra. Anne, “Ao menos em um ciclo de sua vida, os insetos têm intimidade com o ambiente aquático. Eles têm muita importância ecológica. Possuem sensibilidade à poluição e são bioindicadores. Estão presentes em ecossistemas naturais, alterados e impactados”, explicou.

O Dr. Fábio se pronunciou: “Nosso trabalho está focado na Amazônia, que é considerada o maior bioma florestado do mundo. Sua área corresponde a 20 vezes o tamanho do estado do Maranhão, por exemplo. Quando se fala de pluviosidade, a taxa é de 2.000 a 3.000 mm, uma alta frequência de chuvas. Lá existem fisionomias vegetais diferentes, ambientes de chuvas por ano. Noventa por cento da fauna de água doce é formada por insetos, e apenas 35% da fauna aquática é conhecida. Em termos de Amazônia, é sedutor estudar insetos aquáticos”, destacou.

Segundo os pesquisadores, o foco das coletas é a cidade de Bragança, situada no nordeste do estado do Pará.  A cada 10 organismos coletados em corpos d’água na Amazônia, 6 pertencem a novas espécies. Isso é um indicativo da diversidade dos insetos existentes na região. Um dos exemplos é o grupo dos Trichoptera, que possui cerca de 300 espécies conhecidas, e uma estimativa de 860 espécies. Quando os insetos são levados para o laboratório é feito um estudo comparativo. Isso possibilita compreender a biodiversidade amazônica, as identidades, filogenia, biogeografia e aspectos biológicos.

                     

Diversas entidades de pesquisas são parceiras dos professores. Um dos trabalhos desenvolvidos é o monitoramento espacial e interanual da biodiversidade aquática de riachos do arquipélago do Marajó. Nesse estudo, levam-se em conta as variações sazonais, variáveis ambientais, variações hidrológicas e alterações antrópicas (feitas pelo homem). Nessa atividade há a participação das comunidades e nota-se a importância de integrar a parte acadêmica com essas pessoas.

“Outro trabalho é chamado “Partilha da água e resiliência de um sistema sócioecológico único na Volta Grande do Xingu”. O objetivo é buscar alternativas sustentáveis para o uso da água, entender o meio físico e a disponibilidade hídrica. Uma das finalidades é colocar a comunidade para trabalhar junto, entender as questões, os problemas e tentar fazer adaptações”, ressaltou a pesquisadora.

O que estes projetos têm em comum são pontos como: diversidade biológica, distribuição, comunidades ribeirinhas, qualidade da água, recursos hídricos, sustentabilidade, mudanças, pressões antrópicas, variáveis ambientais e monitoramento.

O professor Fábio prosseguiu: “O carro-chefe é o laboratório da UFPA em Bragança. É um trabalho de extensão. Temos contato com comunidades rurais e levamos cartilhas para elas. Quem vive longe da cidade acha que ciência só existe na TV. Vamos às escolas apresentar isso aos alunos. Pensamos nas crianças, nos adultos, nos pescadores. Temos que integrar as fontes de conhecimento. Existem projetos com frente ecológica forte, outros mais voltados para a taxonomia, com projetos voltados para a descrição de novas espécies”, relatou.

O professor Caleb Califre Martins, vinculado ao PPGBAS do Campus Caxias, se manifestou: “Estou como professor visitante do Campus Caxias. A ideia do “Cuscuz com Ciência” surgiu baseada em um evento na universidade onde fiz o doutorado, a USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto. Propus seguir o mesmo modelo, com palestras quinzenais ou mensais para o público da graduação e pós-graduação para a divulgação da ciência em geral. Tive a ideia inicial, que passou pela Pós-Graduação, foi aprovada pela coordenação do PPGBAS e hoje temos vários pesquisadores auxiliando”, finalizou.

O professor Flávio Kulaif Ubaid, coordenador do PPGBAS, destacou a importância desta iniciativa ao promover o contato da comunidade acadêmica com pesquisadores visitantes da UEMA, além de envolver discentes do PPGBAS, docentes, alunos da graduação e servidores.

Por: Emanuel Pereira

 

 

 

 



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