Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade do Campus Caxias lança projeto “Cuscuz com Ciência”
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 21 de julho de 2023
Foi realizado segunda, dia 17, no Auditório Leôncio Magno do Campus Caxias, o lançamento do projeto “Cuscuz com Ciência”. É uma iniciativa de professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ambiente e Saúde (PPGBAS) da UEMA Campus Caxias.
Segundo a Profa. Dra. Rosa Cristina Ribeiro da Silva: “Nosso objetivo é promover encontros regulares entre estudantes e pesquisadores para a discussão e divulgação de pesquisas científicas nas áreas abrangidas pelo Programa”, explicou.
A palestra inaugural, intitulada “Panorama dos insetos no Brasil”, foi ministrada por um dos maiores pesquisadores na área de Zoologia do Brasil, especialmente Entomologia, o Prof. Dr. José Albertino Rafael, pesquisador do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Ele é autor e editor de inúmeras obras, entre elas o livro “Insetos do Brasil”. Faz parte da equipe que coordena o Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil. É reconhecido pelo CNPq e pela comunidade científica como uma personalidade ímpar na ciência.
Entomologia é uma sub-área da Zoologia que estuda os insetos sob todos os aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o meio ambiente. A Taxonomia é uma disciplina biológica responsável por descrever, identificar e nomear os seres vivos de acordo com critérios estabelecidos.
O Prof. Dr. José Albertino falou: “O primeiro taxonomista foi Adão, mas ele não tinha regras para nomear animais e vegetais. O segundo foi Lineu, que descreveu mais de 1.000 espécies no Brasil. Em 1753 ele previu que existiam no mundo 7 mil espécies de plantas e 10 mil espécies de animais. Mas estudos mostraram que isso era uma subestimativa. Sobre publicações, o 1º livro taxonômico se chama “Insetos no Brasil”, de Ângelo Moura da Costa Lima (1887-1964). Uma obra de 12 tomos que ele não conseguiu publicar em vida. Uma base qualificável para os interessados em trabalhar com insetos. O 2º livro, do qual participo, é “Insetos do Brasil – Diversidade e Taxonomia”.
O pesquisador informou que fez Entomologia sem um livro atualizado, e sim com base em livros de outros países. Era preciso suprir a carência de livros taxonômicos em língua portuguesa. Esses dois livros continuam dando base para a formação de entomólogos. O segundo livro permite que o aluno tenha um especialista responsável por cada assunto. Em 2012, não havia especialistas para pesquisar 12 ordens. Em 2022, esse número baixou para 5 ordens. Isso mostra que quase não se precisa convidar pesquisadores de outros países para investigar.
O palestrante falou também sobre recursos humanos: “O Brasil se destaca na formação de taxonomistas (é o 2º país que mais publica nessa área). Eles têm bom nível de formação, mas infelizmente não são contratados e vão para outros países. Precisamos de qualidade residente no Brasil. No mundo são descritas cerca de 10 mil espécies novas por ano. No Brasil, a média anual é de 700 espécies”, relatou.
Outro ponto apresentado foi o CTFB (Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil). “Somos o 1º país que tem um catálogo da fauna. É resultado da força taxonômica e passará a se chamar “Catálogo da Vida”. Serão incluídos fósseis, microrganismos, tudo na mesma plataforma. A fauna brasileira possui espécies graciosas, bonitas. Antes não podíamos quantificar porque não havia reunião de informações”.
O CTFB está em uma plataforma online, com todas as espécies da fauna brasileira. As informações são qualificadas por especialistas. Possui linguagem única na indexação, na recuperação da literatura científica e na sensibilização de nomes científicos das espécies, outras categorias e de conceitos (name finding) contidos nos textos. É atualizado online, em tempo real. Entre outras coisas ele oferece os nomes das espécies mais comuns, as pessoas mais homenageadas e os autores que mais descreveram espécies.
Outro assunto abordado pelo professor foi a Refauna, que consiste na repatriação de dados de coleções zoológicas. “Antes não havia restrição se uma coleção fosse levada para outro país. A Refauna é um programa essencial, que no momento está no limbo, mas pretendemos dar continuidade a ele”, acredita.
“As coleções são testemunhos biológicos. Por trás de uma grande instituição há uma grande coleção. Na UEMA alguém se preocupou, regionalmente, com a formação de uma e isso é motivo de orgulho. Dá visibilidade à instituição, pois nos trabalhos científicos ela é citada. Fazer um trabalho científico e não dizer onde ele foi depositado não faz sentido. É preciso ter pessoas que valorizem esse trabalho, esse acervo. A expectativa é que tenham essa consciência e continuem o trabalho que é feito hoje”, finalizou.
Após a palestra, o convidado respondeu perguntas de acadêmicos da UEMA e de outras instituições.
Por: Emanuel Pereira