História de sucesso: Como a UEMA tornou o CST em Redes de Computadores do ProfiTec acessível para um aluno cego


Por em 27 de abril de 2023



                                                                                         

Para promover a inclusão social de pessoas com deficiência, a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) dispõe do Núcleo de Acessibilidade(NAU), setor responsável pela orientação e apoio aos alunos PcD.

A equipe do NAU promove campanhas, orienta professores e técnico-administrativos sobre os direitos dos estudantes PcD, bem como das adaptações pedagógicas que devem ser realizadas. Disponibiliza equipamentos e serviços de tecnologia assistida e acompanhamento de intérpretes e de ledores.

Esse esforço de inclusão tem tido êxito, pois vários estudantes com deficiência são atendidos e estão conseguindo concluir os cursos que escolheram.

Um exemplo de que as estratégias de inclusão têm funcionado é o caso do estudante do Curso Superior de Tecnologia em Redes de Computadores do Campus Coroatá, Francivaldo Sousa Reis, que já está no 3º período do curso.

O estudante perdeu totalmente a visão há mais de 19 anos, porém, isso não interrompeu o sonho de ingressar no CST em Redes de Computadores pelo Programa de Formação Profissional Tecnológica (ProfiTec/UEMA).

Para participar das aulas, Francivaldo prefere utilizar teclado comum e faz uso de um aplicativo de leitor de tela para saber se está digitando corretamente, dentre outras tarefas.  Além disso, é acompanhado em todas as aulas pela transcritora e ledora do NAU, Verônica Mendes, que auxilia na realização das atividades, provas e trabalhos fazendo a leitura, audiodescrição ou transcrição.

Recentemente, Francivaldo construiu um semáforo utilizando arduino (placa de circuito com um microcontrolador programável) durante uma das atividades da disciplina Projeto Integrador I, ministrada pelo professor Elton Sousa e Silva.

“O professor Elton orientou-me na construção do código do programa e com isso consegui montar o circuito e simular o semáforo. Só que o professor adaptou a atividade para que eu pudesse perceber que tinha realmente funcionado. Em vez de usar o LED para a sinalização, ele trocou por outro dispositivo sonoro. Eu realmente me senti incluído nas atividades, assim como nas aulas dos outros professores. Como o professor trouxe todo o material, eu pude tatear e entender melhor o que era cada um dos componentes, então a aula ficou ainda mais interessante e eu gostei muito”, comentou o estudante.

Para o professor Elton, a presença do aluno cego amplia o olhar do docente para a inovação nas técnicas de ensino.

“Nessa atividade eu fiz uma troca do LED pelo buzzer para que o aluno conseguisse entender se executou a atividade corretamente ou não. Passei as instruções para o Francivaldo, conversei também com a ledora e obtivemos o resultado desejado. Como as minhas aulas são bem práticas, a interação e engajamento é maior por parte da turma”, explicou o professor.

Francivaldo tem se mostrado motivado com a formação profissional, apesar de apontar alguns obstáculos em relação à acessibilidade.

“Eu realmente gosto do curso, tenho professores dispostos a ajudar e explicar, interagem comigo, tenho auxílio da Verônica também quando preciso usar os simuladores e aplicativos. Alguns simuladores não são acessíveis. Acredito que se os programadores desses simuladores tivessem o acompanhamento de uma pessoa cega, eles perceberiam isso. Eu percebo que há várias formas de trabalho que posso ter nessa área porque poderei ajudar outras pessoas para que se desenvolvam e produzam tecnologia acessível para todos”, comentou.

Por Débora Souza



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