UEMA Literatura apresenta Poesia e Conto de estudantes
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 5 de setembro de 2021
Neste domingo (05), o UEMA Literatura apresenta a poesia “Os detalhes a gente ajusta”, de autoria Brena Silva de Arruda, acadêmica do curso de Letras, Campus Barra do Corda e o conto “Uma mentira de amor”, escrita por Alice de Oliveira Castelo Branco, do curso de Licenciatura em Geografia, UEMANet Polo Vitorino Freire.
Os detalhes a gente ajusta, Brena Silva Arruda
Depois eu vejo…
Depois eu arrumo…
Depois eu conserto…
Depois eu crio…
Depois eu penso…
Depois eu invento…
Depois eu ajusto…
Qualquer coisa que der certo.
Só que depois…
Só que depois eu não faço…
Depois eu não realizo.
Depois eu não termino.
Depois eu não prossigo
Sabe por quê?
Porque depois não existe.
Existe o hoje e o agora…
E os detalhes como fica?
Os detalhes a gente só ajusta,
Porque não somos perfeitos.
Não somos divinos.
Somos meros mortais.
Uma mentira de amor, por Alice de Oliveira Castelo Branco
Algumas histórias de amor começam com um clichê, como era uma vez, mas essa começa com uma pergunta, essa história é realmente de amor?
O verdadeiro amor, esse sentimento raro nos dias atuais, é belo como o sol, doce como o mel e livre como o ar. Ele acalma a tempestade nos grandes temporais, É doçura nos momentos amargos e liberta, pois se for real será uma escolha permanecer. Nele não existe fingimento, fingimento só existe para aqueles que não sabem amar. Forte não é aquele que esconde os sentimentos e sim aquele que ama apesar das adversidades. O amor, esse sentimento perfeito que não necessita de provas, pois a reciprocidade faz disso algo desnecessário.
Ela não queria pensar nos parentes barulhentos que pareciam sempre está felizes independente dos altos impostos, do trabalho braçal fatídico, do café colocado no copo de extrato de tomate, aqueles que ninguém ousa jogar fora que sempre da pra usar, na vizinha gorducha que senta na porta de casa e passa o dia observando as pessoas que passam pela rua, enquanto destila comentários que ela prefere nem imaginar, nas crianças brincando na chuva feito bichos soltos que pareciam nunca ficar doente, mas normalmente estão cheios de protozoários, no beijo da mãe cheirando a comida e dos irmãos chatos para não dizer insuportáveis. Ela não queria pensar, porque se não poderia chorar com saudade do lar.
Liana tinha acabado de sair da zona rural em busca de uma vida melhor na zona urbana, sua personalidade era peculiar para a grande metrópole, ingênua, alegre e receptível. Acostumada a vida simples, se sentia uma formiga expulsa do formigueiro na grande metrópole. Felizmente não demorou muito ela conseguiu um trabalho. Comemorou bastante quando agendaram seu primeiro dia como auxiliar de dentista. No consultório do doutor Saulo um dentista de 40 anos com rugas charmosas e delicadas, um homem inteligente, aparentemente humilde e carismático, porém bipolar. Ela realmente pensou que a bipolaridade era um defeito genético, mas talvez não precisasse ser visto como exatamente um defeito e sim como uma maneira própria da pessoa. Ao ser apresentado a Liana sua nova funcionária nada lhe fisgou atenção, apesar da boa aparência da moça de 20 anos. Ele via nada além de uma jovem bonita e inexperiente, uma menina a qual ele poderia ensinar a trabalhar no modo automático, ágil e de maneira eficiente. Todos os atributos de sua aparência não seriam suficiente para lhe roubar a afeição, pois estava acostumado a ver e conviver com mulheres bonitas todos os dias. Com o passar do tempo sua presença deixou de ser invisível e ela sem perceber com seu jeito doce começou a conquistar o coração do homem mais simpático que ela julgou conhecer. Ele discretamente passou a observar cada gesto da moça, e se interessar pelo seu passado, enchendo-a muitas vezes com infinitas perguntas. Ela também de alguma forma se sentiu atraída pela maturidade e profissionalismo de Saulo. Idealizadora do amor, qual quer amor para ela seria lindo.
— Liana quem é você, como você conseguiu me fascinar dessa forma? Ele disse enlaçando a moça com um beijo. Ela mal teve tempo para respirar, muito menos responder e aquele primeiro beijo foi demorado, se prolongaria ainda mais se a recepcionista não houvesse interrompido ao bater na porta para avisar que sua esposa estava na linha e tinha um assunto a tratar com urgência.
Saulo encontrou em Liana uma razão para amar, e por ter medo de perdê-la decidiu não revelar seu estado civil, esse foi o pensamento tolerável de Liana sobre a atitude desonesta de seu até então paquera, ora que outro motivo um homem tão gentil teria para engana-la de maneira tão terrível, no entanto essa mentira entristeceu profundamente Liana que associou imediatamente o carácter de Saulo como sendo algo duvidoso, não maldoso, apenas duvidoso. Houve uma quebra de encanto, liana sabia que seria incapaz de se envolver e muito menos amar, alguém que nutria um sentimento ou mantinha um relacionamento com outro alguém que não fosse unicamente ela. Bloqueou o pensamento e os sentimentos e todos os dias posteriores no consultório passou a ser totalmente distante, para ela profissional e para ele indiferente. O dentista invertia seus olhares, seus encantos, tentava beija-la, toca-la, mas no final ela sempre se esquivava. Quanto mais ele achava que teria êxito, mas ela tinha certeza que ele seria o último homem da terra com o qual ela se envolveria.
— Doutor Saulo! Gostaria que manteássemos distância e que nosso relacionamento fosse restritamente profissional. Falou Liana com seriedade, sem esconder sem nojo diante daquela situação.
— Por favor, me chame apenas de Saulo e não me peça isso, você não ver que estou completamente apaixonado por você. Ele sussurrou abatido, ou talvez tudo não passasse de fingimento.
— Jamais irei me envolver com um homem casado. Ela disse se afastando outra vez. Quero informar que hoje será meu ultimo dia trabalhando com o senhor, espero que consiga achar outra pessoa para me substituir o mais rápido possível.
Liana poderia esbravejar os piores insultos e todos se adequariam a ele, mas ela não era assim, pelo contrário, era paciente, bondosa e respeitável.
Saulo mesmo inconsolado pareceu concordar com a moça, não houve contestação por parte dele. Liana embora estivesse triste entendeu que aquele era apenas um capítulo de sua vida que tinha se encerrado. No final do expediente, liana esperou o taxista que todos os dias ia buscá-la, ela esperou e esperou e nada do homem aparecer, pensou que talvez ele tivera se atrasado devido a um imprevisto e que certamente não demoraria a chegar. O relógio já marcava 9 horas da noite e ela começou a temer, ligou várias vezes consecutivas pra saber o que estava acontecendo, mais todas às vezes sua chamada era recusada. Saulo ainda estava no consultório e ela não viu outra opção se não pedir uma carona. No carro ele não disse nada e ela ficou constrangida, não imaginava que o confidente e amigo a qual ela tinha conhecido se tornaria um desconhecido no qual sentia repulsa por suas mentiras e por ter brincado com seus sentimentos. Por esse motivo ela também decidiu não falar nada até perceber que o caminho não era o mesmo de sua casa.
— Que rota é essa? Para onde estamos indo? Ela questionou assustada, mas ele nada respondeu.
Apesar do medo que ela sentiu, decidiu acreditar que Saulo seria incapaz de fazer algo ruim. O caro parou em uma casa pequena e confortável e não havia vizinhança próxima. Ao entrar ele ofereceu uma bebida e como liana não ingeria bebidas alcoólicas recusou rapidamente e exigiu que fosse levada para sua casa imediatamente. Saulo era um homem culto falava baixo, devagar e sempre usava termos que para Liana era difíceis compreender, ela não tinha o mesmo nível escolar. Ele era doutor e ela mal havia iniciado a faculdade. Mas mesmo assim ele se sentia encantado com a simplicidade que ela possuía.
— Um tomento sentir que encontrou uma pessoa especial e não saber se ela é capaz de sentir o mesmo, de fato posso explicar com maestria o funcionamento do corpo humano, mas não consigo explicar porque você faz meu coração acelerar.
— O que quer dizer? Ela questionou curiosa com olhos de raposa semicerrados.
— Que não consigo me desvincular desse sentimento fadifico que as pessoas intitulam amor.
— Como sabe que é amor? Por acaso descobriu isso quando escondeu de mim que era casado ou quando brincou com a menina boba sem cultura que mal entende sua palavras requintadas.
Saulo caminhou em sua direção sentindo a razão o abandonar.
— Se tu eis um mero experimento me permita testar teus beijos para compreender se não estou louco de amor. Saulo tentou beija-la, mas ela recusou, sem dúvidas liana estava disposta a esquecê-lo ou pelo menos tentar, mas obviamente não seria fácil. Ela insistiu para ir embora, mas ele decidiu permanecer com ela, sem ao menos lhe dá uma explicação.
— Pessoas dizem que amam flores, mas as vezes cortam e colocam em um jarro e elas morrem, dizem que amam os passarinhos, mas os prende em gaiolas e eles gritam ao invés de cantar. Esse é seu tipo de amor?
— Não, claro que não.
— Se você me amasse não me deixaria ir?
— Apenas 3 dias se você não conseguir gostar de mim, prometo que deixarei você partir, mas caso contrário você terá que se casar comigo.
Qual opção ela teria a não ser aceitar. Ela não poderia dizer que seria a coisa mais difícil da sua vida, afinal a companhia dele não era somente tolerável, pelo contrário era agradável, mas ela não quis deixar isso explícito. Então os dias foram se passando e ela foi se apaixonando cada vez mais, ele era cavalheiro, exatamente o tipo de homem que na visão das mulheres encontra-se em extinção, só que ele não era para ela, pois sabia de sua índole e jamais se permitiria um relacionamento com um homem casado. No final dos três dias ele questionou se ela gostaria de casar com ele e ao ter sua resposta recusada ele questionou o porquê, e ela de forma clara e sucinta respondeu.
— Os três dias me fez ver que de fato você é um homem maravilhoso, e desde o primeiro dia você conseguiu me conquistar, mas mesmo de coração partido não quero está com o senhor, pois não é justo ser feliz a custa da felicidade de outra pessoa. Liana parou um pouco, respirou fundo e disse. Desejo de todo o coração que você seja feliz ao lado da sua esposa.
De repente Saulo começou a rir, Liana não entendeu qual era a graça e se sentiu magoada, ele, porém pegou as mãos dela, deu um beijo e disse.
— Só uma pessoa verdadeiramente digna saberia ter respeito por uma pessoa que nem se quer conhece, desde criança aprendi a amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a me mesmo. Muitos falam de amor, mas nem todos de fato amam. Sinto-me feliz porque finalmente conheci a pessoa certa. Liana parecia confusa, então Saulo calmamente explicou. Eu não sou casado pedi para minha secretária dizer aquilo, pois queria testa-la, não me leve a mal não desconfiava de você, mas tive muitas decepções e aprendi a ser mais cuidadoso com os meus sentimentos. Eu me apaixonei, de maneira lenta e gradual. Você conquistou a minha estima e meu afeto, e não é por seu jeito peculiar, é por ser você quem é. A mulher que possui todas as características que procurava, uma companheira para quem eu pudesse pertencer.
Liana se entristeceu ao saber que tudo não passava de um teste, mas rapidamente ela perdoou Saulo, pois de coração ferido ela entendia bem. Depois daquele dia ficaram noivos, e logo depois se casaram em uma cerimônia simples e discreta. Viveram até a velhice e a união dos dois jamais foi esquecida pelos filhos, netos e bisnetos. Agora se foram felizes para sempre isso não posso dizer.