ARTIGO: A Extensão Universitária no Cenário Atual da Pandemia do COVID-19
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 16 de julho de 2020
A extensão universitária é uma expressão do compromisso social da universidade com a sociedade, pois representa o elo da pesquisa e do ensino adquirido pelos seus discentes e propagado pelos seus docentes, em um processo continuo de ensino-aprendizagem, cheio de trocas, saberes, ciência e mutualidade. A sua dinâmica de funcionamento é conduzida com planejamento, construção de passos, divulgação de editais, tudo preparado com muito cuidado, para que aqueles que estão além dos muros da universidade possam usufruir de seus resultados.
Além disso, é na extensão que ocorre a aproximação, a integração e a parceria da universidade com a comunidade, na qual a universidade oferece suporte técnico e material aos projetos de extensão da instituição e a comunidade participa deste processo de desenvolvimento das atividades. Tudo isso acontece num cenário em que a dinâmica do desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária se dá num fluxo da normalidade programada, no entanto, em 2020 esse fluxo na extensão teve que ser rompido. A sociedade foi surpreendida pela pandemia COVID -19. Desafios com outros formatos nos foram impostos.
Temos que lembrar que de acordo com as informações da Agencia Nacional de Saúde (ANS) a COVID-19 é transmitida pelo Coronavírus, que pertence a uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (SARS-CoV-2) foi descoberto no final de 2019, após casos registrados na China, e provoca um quadro clínico que varia de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% dos pacientes com COVID-19 podem ser assintomáticos e cerca de 20% dos casos podem requerer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória e desses casos aproximadamente 5% podem necessitar de suporte para o tratamento de insuficiência respiratória. E agora, como ir para além dos muros da universidade, que se encontra com risco de contágios, mortes, onde, para se prevenir, todos os cidadãos precisam estar isolados em suas residências e sem receber nem sequer visitas de familiares?
Nos dados divulgados pela ANS, do dia 22 de abril de 2020, o Brasil tinha um cenário de 45.757 casos, com 2.906 mortes. No Maranhão, de acordo com o Boletim Epidemiológico do Governo do Estado, a curva de contágio da pandemia no dia 22 de abril de 2020 apresentava 1.757 casos confirmados, com 76 óbitos, distribuídos em 45 municípios, com a principal ocorrência em São Luís. Destes, 52% são mulheres e 48% homens, com faixa etária de 0 a mais 70 anos. Neste momento, a pandemia encontra-se em uma curva ascendente de contágio, com consequências a saúde coletiva, a prestação dos serviços hospitalares, a economia, ao bem-estar da população e as condições de vida da sociedade.
Deparando-se com esta realidade, a Universidade foi obrigada a desenvolver um plano de enfrentamento, onde os discentes e todos os servidores foram isolados em suas residências, reduzindo todas as suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. No entanto, os problemas para a sociedade só foram aumentando e o desconhecido trouxe novos desafios à academia científica, em que muitas perguntas foram aguçadas por seus sujeitos: o que fazer? como ajudar? como agir? Diante de tantas incógnitas, as instituições de ensino colocaram sua extensão em ação.
Um exemplo é a Universidade de São Paulo, que criou o Programa USP Vida. Esse Programa recebe doações financeiras de pessoas jurídicas e de pessoas físicas para subsidiar suas pesquisas e ações de extensão, como a produção de ventiladores pulmonares de baixo custo, desenvolvimento de testes rápidos para identificação do contagio, uso de modelos de projeção para auxiliar no monitoramento de casos e cenários que ajudam a tomada de decisão dos profissionais de saúde, investigam os efeitos da pandemia na organização social e na condição de vida das pessoas e da sociedade, e confecção de produtos de proteção para os profissionais de saúde.
E no Maranhão o que tem sido feito? As instituições de ensino do Maranhão também colocaram sua extensão em prática. Na UEMA, um grupo de pesquisadores de Ciência da Computação trabalha no desenvolvimento de um aplicativo de mapeamento de locais de aglomeração de pessoas, que irá contribuir para identificar os locais mais procurados, locais de aglomeração, de mobilidade social que poderão ajudar na crise sanitária do país. A UFMA adotou no campus de Imperatriz um questionário para saber como os estudantes estão lidando com a pandemia e se estão sendo contemplados com as medidas de combate ao coronavírus. A UFMA acredita que estas informações poderão auxiliar na gestão de estratégias instrumentalizadas para fazer intervenções que sejam condizentes a essa realidade. A TV UFMA tem transmitido muitas informações com entrevistas de médicos e profissionais de saúde para esclarecer os fatos sobre a doença, saúde mental dentre outros temas pertinentes; também estão sendo produzidas mascaras através do projeto “Máscaras pela Vida” que irá produzir cerca de 10 mil mascaras a serem distribuídas para a área do Itaqui-Bacanga; promoção de webseminários como o do tema “Coronavírus e pandemias: um debate interdisciplinar”; produção de álcool em gel para ser distribuídas nos hospitais. O IFMA destaca-se pela realização de pesquisa sobre o lazer em tempos de pandemia, vivência e práticas em cotidianos de isolamento social; também a confecção de escudos faciais para uso dos profissionais de saúde com uso de impressoras 3D; lançamento de editais de fomento a pesquisas e ações de extensão somente no tema do COVID-19. Além disso, estas e outras instituições de ensino no Maranhão estão produzindo cartilhas, cards, vídeos, cursos on-line e demais iniciativas promovidas por seus docentes, estudantes e técnicos engajados/as nessa dinâmica contra o COVID-19
Desta forma, vivencia-se nas instituições uma força tarefa para realizar a pesquisa em um curto espaço de tempo, com poucos recursos financeiros, uma extensão rápida e eficaz que amenize essa situação avassaladora que a sociedade atravessa, onde muitos sofrem com a precariedade dos serviços essenciais, com a perda de renda promovida pelo isolamento social, pelas mortes em escala crescente, pouca credibilidade nas informações, pelos problemas psicológicos atenuados pela pandemia, dentre outros. Acredito que muitas outras ações estão sendo realizadas sem a devida visibilidade e que, toda a ciência, neste momento é benvinda, pois quem melhor pode responder as verdades sobre esta pandemia é a universidade. Talvez a partir desta pandemia iremos valorizar melhor a ciência, mais a educação, mais as pessoas. Escutem governantes e cidadãos os rumores do planeta em prol de mudanças de paradigmas e de vida.
Apesar disso, enfatizo que esse esforço só não será em vão se toda a sociedade contribuir para o controle desta pandemia agora. Ressalto a importância de seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde que traz um protocolo de prevenção do vírus para diminuir o contagio e evitar a superlotação dos hospitais. Além disso, a importância da conscientização de todos os cidadãos, se faz necessário unir, governo, ciência, profissionais de saúde e toda a população nesta luta. Tenhamos a consciência que a solidariedade e o comprometimento nos tornarão mais forte após a luta ser vencida.
Por Georgiana Eurides de Carvalho Marques
Revista Práticas em Extensão – v. 04, nº 01, 42-43, 2020