ARTIGO: Oportunidades para extensão universitária nos tempos de pandemia – Covid-19


Por em 30 de abril de 2020



Cientistas, infectologistas e sanitaristas corroboram que o tempo de pandemia pode chegar até dois anos. Espero que não chegue a tanto! Mas, sim, nesses tempos onde as incertezas são indiscutíveis, a ciência e os pesquisadores têm um palco para exercerem seus papeis e promoverem soluções e compartilharem aprendizado, e o tempo haverá de existir.

Lembro-me que ainda nos primeiros casos de Covid-19 aparecerem na China, ao final de 2019, um amigo que trabalha em uma empresa multinacional já falava e me alertava que um grupo de funcionários daquela multinacional já tinham sido designados para trabalhar em um plano de contingência relacionado à chegada do vírus no Brasil. Hoje, eu fico a pensar  e a me questionar: Por que alguns dos segmentos da sociedade não se anteciparam como aquela empresa multinacional? Existiu antecipação e preparação, por parte das Universidades diante desse novo cenário? As Universidades não deviam ser precursoras dos novos adventos mundiais? O que adianta saber e não se antecipar frente as catarses mundiais? Até quando o trabalho da ciência não será recebido com estranhamento por alguns segmentos da sociedade? Indagações à parte, existe um problema vigente, pode-se elaborar hipóteses, deve-se propor soluções, essas soluções devem ser validadas por meio de um método científico. Enfim, o campo de experimento está disponível melhor que fosse em outro momento, mas a conjectura atual é essa.

É esperançoso ver como a ciência evolui com velocidade, como por exemplo que em menos de quatro meses de Covid-19 já existem respostas; vacinas estão em pleno desenvolvimentos nos mais diversos laboratórios e universidades, mundo a fora. Mas, nada é milagroso, é ciência, são experimentos científicos validados. A constatação na rapidez da ciência é pragmática. Foram 3.200 anos para vacina contra a varíola, 350 anos para a vacina da rubéola, 15 anos para o tratamento sólido da AIDS, e em quatro meses de Covid-19 já existem testes das vacinas sendo iniciadas em seres humanos.

É certo que o mundo não será o mesmo depois dessa pandemia, as relações sociais não serão mais as mesmas, e o capitalismo financeiro deverá ser questionado quanto a seu modus operandi que busca desenfreadamente o acúmulo de riqueza em detrimento do desenvolvimento humano e ambiental.

No mundo pós pandemia, teremos algumas novas tendências, então a extensão universitária deve se adequar a essas novas realidades.

1.       As diferenças em crenças e valores serão diluídas e sociedade será mais solidárias: no Brasil, fica cada mais evidente que o segmento da sociedade mais carente e necessitada é quem vai pagar a conta mais cruel e amarga. Logo, os projetos de extensão devem propor a diminuição da desigualdade e a transformação de localidades mais carentes. Projetos que compartilhem informações relevantes para com a saúde e higiene da população, de gastronomia inclusiva, são alguns exemplos.

2.       Reconfiguração nas finanças pessoais: o sistema capitalista de acúmulo de lucros vai entrar em cheque, os investimentos terão menores riscos, gastar por gastar vai ficar fora de moda, a tendência será um planejamento financeiro eficiente e um gasto mais consciente. A educação financeira será uma realidade, os projetos de extensão devem ir ao encontro dessa nova realidade. Bate papos virtuais, cursos à distância sobre finanças pessoais ou familiar torna-se uma oportunidade para projetos de extensionistas.

3.       Surgimento de novos modelos de negócios: modelos tipos delivery serão a bola da vez, logo, os pequenos negócios devem adaptar-se. As qualificações devem estar alinhadas essa nova tendência. Projetos de extensão voltados a capacitação ou desenvolvimento de negócios delivery devem insurgir. Desenvolvimento de aplicativos, sites e redes sociais devem fazer parte da visão desses novos modelos de negócios.

4.       Experiencias imersivas: com o isolamento a grande maioria da população teve acesso a experienciais culturais sem sair de casa, e é evidente que está é uma nova tendência. Portanto, a extensão universitária deve promover o conhecimento, em estruturas de redes de internet sem fio em localidades não assistidas tecnologicamente falando, em cursos que despertam a população para produção áudio visual.

5.       Incessante busca por novos conhecimentos: a universidade tem esse dever de buscar o novo e transformá-lo em conhecimento, mas esse conhecimento precisa ser divulgado e se torna útil para sociedade. Deve haver a transferência tecnológica desse conhecimento. A inovação e o novo devem ser contemplados em todas as nove temáticas nos editais de projetos extensionistas.

6.       Educação à distância: essa tendência está alinhada com a busca por conhecimento e por isso espera-se que a educação à distância passe a crescer e acelerar mais. Logo, deve haver projetos para capacitação desses novos profissionais (tutores e facilitadores), bem como capacitação para uso e desenvolvimento de plataformas EAD. Os projetos de extensão universitária devem promover essa nova realidade educacional a todos os segmentos da sociedade.

Haveria mais tendências, pois a nova realidade é propicia para isso e a observação da realidade é pessoal e individualizada, mas coube a mim despertar a essas.

A Universidade deve garantir seu valor junto à sociedade deve estar atenta a essa nova conjectura social que se formou durante esse tempo de pandemia. A extensão universitária pode promover o desenvolvimento humano e ambiental dentro dessa nova realidade, assim, espera-se. Conclui-se que as oportunidades suplantam os desafios, os desafios outrora eram de natureza computacionais-tecnológicos, mas hoje, estamos na era das informações em tempo real, e as tecnologias já estão desenvolvidas e acessíveis, e os recursos computacionais estão na palma de nossas mãos.
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Por Prof. Abraão Ramos da Silva
Departamento de Engenharia de Produção (CCT) da Universidade Estadual do Maranhão.
Graduado em Engenharia de Produção e Mestre em Logística e Pesquisa Operacional.

 



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