Uma cartografia poética de São Luís na obra de José Chagas
Por Ronaldo Neves em 19 de outubro de 2014
Este é o título da tese da professora Camila Maria Silva Nascimento, do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), cuja defesa, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), deu a ela a condição de doutora em Ciência da Literatura
A tese, orientada por um dos mais qualificados membros do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura da UFRJ, o professor doutor Frederico Augusto Liberalli de Góes, constitui um estudo da crônica como gênero literário que nasce na cidade e registra o cotidiano físico e humano, por meio de “coisas miúdas”.
Para Camila Maria, como narrativa que é, o gênero assume importância capital, fazendo do cronista um sujeito histórico, um narrador da história, segundo Walter Benjamin. Nesse contexto, na tese da professora da UEMA, desfilam alguns cronistas, com destaque especial para José Chagas.
O escritor, não nascendo maranhense, identifica-se com a cidade e nela se abriga, construindo, com sua obra, um mapa literário-geográfico de São Luís – uma cartografia poética, metáfora e tecido da sua existência.
Na construção da tese, a professora Maria Camila utilizou, como referencial teórico-metodológico, a Literatura em diálogo com a Geografia, em uma abordagem Humanista-Cultural, proposta por Eric Dardel, que se alinha à fenomenologia ontológica de Heidegger e trata o Dasein – “ser existente”, como “ser geográfico”.
A partir desses e de outros teóricos, os da teoria literária, essencialmente, chega-se à conclusão de José Chagas, numa relação concreta de amor ao lugar, liga-se a São Luís pela sua ‘geograficidade’. Dessa forma, tal como sua obra, José Chagas opera na construção de seu lugar no mundo e, ao mesmo tempo, contribui para a identidade cultural, social, histórica e política de São Luís – a cidade colonial.